A Liga dos Bombeiros Portugueses denunciou hoje que as corporações ainda não receberam cerca de 20 milhões de euros em despesas extraordinárias do combate aos incêndios rurais de 2025.
As corporações de bombeiros portugueses continuam sem receber os montantes relativos às despesas extraordinárias feitas durante o combate aos incêndios rurais deste ano, que ascendem a cerca de 20 milhões de euros, segundo a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
O presidente da LBP, António Nunes, afirmou à agência Lusa que “as corporações ainda não foram ressarcidas das despesas extraordinárias”, alertando que o maior volume de dívidas diz respeito ao mês de agosto, quando o número e a duração dos incêndios aumentaram significativamente.
Contactada pela Lusa, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) garantiu que o pagamento será efetuado “com a maior brevidade possível”, explicando que os valores estão a ser recalculados através do Sistema de Apoio à Decisão Operacional (SADO), plataforma que gere o apuramento financeiro das operações.
A LBP indica que a ANEPC “não paga despesas extraordinárias desde maio”, embora este ano tenha havido um adiantamento excecional de 50 mil euros para algumas associações humanitárias. No entanto, o presidente da Liga refere que “a maioria das corporações não recebeu qualquer verba” e que, em muitos casos, os custos ultrapassam largamente esse valor.
Além do montante previsto no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) — que em 2025 foi de 41 milhões de euros —, as corporações suportam outras despesas com alimentação, combustível e viaturas danificadas.
Como exemplo, António Nunes destacou o caso dos Bombeiros de Trancoso, que registaram em agosto um dos maiores fogos do ano. A corporação teve 70 mil euros em combustível e 130 mil euros em refeições, tendo recebido apenas o adiantamento de 50 mil euros.
Segundo a ANEPC, 13 corporações receberam o adiantamento decidido pelo Governo “para fazer face à duração e intensidade dos incêndios”. O organismo esclareceu ainda que, entre julho e setembro, foram pagos valores em atraso de 2017 a 2022, relativos a despesas entregues fora de prazo.
Em setembro, o secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, estimou que as despesas extraordinárias de 2025 ultrapassem os 20 milhões de euros, superando os 14 milhões registados no ano anterior
A época de incêndios de 2025 é já considerada a quarta pior desde 2003, com cerca de 270 mil hectares de área ardida. O balanço inclui quatro mortos, entre eles um bombeiro, vários feridos e centenas de casas destruídas total ou parcialmente, além de prejuízos agrícolas e florestais elevados.
As ondas de calor registadas em julho e agosto favoreceram a propagação de incêndios prolongados, com destaque para os fogos de Piódão e Trancoso, que duraram 11 e oito dias, respetivamente.
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