Ao sexto dia sem dar tréguas e depois de mais uma noite de confinamentos e evacuações de população para proteger aldeias, o incêndio em Ponte da Barca continua a ser combatido por 660 operacionais, com o apoio de 219 viaturas e quatro meios aéreos.
Até agora, 24 operacionais ficaram feridos ou tiveram de ser assistidos durante o combate e um civil sofreu ferimentos leves.
Arderam "cerca de sete mil hectares", mas intacta continua a Mata do Cabril, reserva integral do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).
"Neste momento, não temos qualquer registo de casas, de primeira ou segunda habitação, afetadas. Essa é uma das prioridades: não haver feridos graves, mortos e não haver casas consumidas pelas chamas. Esses objetivos foram todos atingidos. Claramente que outro, não menos importante, é a defesa da Mata do Cabril, também perfeitamente atingido", declarou, esta sexta-feira pela manhã, junto ao posto de comando instalado em Entre Ambos-os-Rios, o Comandante Sub-regional de Emergência de Proteção Civil do Alto Minho, Marco Domingues. Desde sábado à noite, quando o incêndio começou em Parada, Lindoso, registaram-se "20 feridos ligeiros e pelo menos cinco assistidos. Tudo operacionais, apenas um civil".
Adiantou ainda que a previsão é que ainda hoje o incêndio possa ser dominado, notando, contudo, que há que ter em conta os factores que os meios não controlam.
"A previsão para as próximas horas é não baixar os braços, não baixar a vigilância e o empenhamentos dos meios. Não podemos facilitar. Este incêndio já demonstrou que tem comportamentos próprios e imprevisíveis, fruto da meteorologia, da orografia e acessibilidade, das dificuldades de acessibilidade. Por isso, não podemos baixar o nível de atenção, de observação e empenhamento", disse.
O fumo é hoje um dos fatores suplementares que impedem o combate de meios aéreos em algumas zonas.
"Temos uma grande dificuldade em relação à questão do fumo muito baixo. Dificulta a ação dos meios aéreos em alguns pontos. No entanto, há um muito crítico, que está estabilizado e onde estamos a reforçar a componente de meios aéreos, que é a frente virada a Cabril, o único sítio onde podem operar", descreveu o Comandante Marco Domingues, referindo que, "assim que houver condições" o meios aéreos vão também operar "noutros pontos quentes que oferecem alguma ameaça". E acrescentou: "Continuo a esperar um dia de trabalho para que ao final do dia consigamos ter este incêndio já em fase de conclusão".
A última noite foi mais uma "de grande trabalho", com evacuação das aldeias de Sobredo e Parada.
"Tivemos situações em que o fumo era muito intenso e as pessoas saíram das aldeias. Aldeias em risco devido ao aproximar das chamas estiveram devidamente protegidas com os meios operacionais colocados no teatro de operações", descreveu Marco Domingues, confirmando que a área ardida continua a agigantar-se no território do PNPG, em Ponte da Barca.
"Estima-se que [arderam] para cima de sete mil hectares, mas são áreas que ainda têm de ser validadas", disse esta sexta-feira de manhã aos meios de comunicação que se encontram no local.
A Mata do Cabril, que em 2010 ardeu totalmente, está novamente ameaçada há vários dias, mas os meios têm conseguido impedir que o fogo a alcance.
Fonte oficial do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que integra o dispositivo de combate presente em Ponte da Barca, indicou ao JN que "está a acompanhar de perto, com as demais entidades competentes, a evolução do incêndio que deflagrou no sábado em Ponte da Barca".
"Enquanto Autoridade Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade, o ICNF está preocupado com a perda de património e valores naturais e está a colaborar ativamente para que seja possível defender um património de importância mundial, tendo disponibilizado à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) todos os seus meios para a proteção desta área", frisou.
Referiu ainda que um "balanço do incêndio será feito no respetivo relatório de estabilização de emergência (REE), que será elaborado pelo ICNF no final das operações de combate".
JN
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