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quinta-feira, 17 de julho de 2025

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Importa informar e esclarecer as razΓ΅es que estΓ£o na origem de toda esta controvΓ©rsia.


TΓ©cnicos de EmergΓͺncia MΓ©dica, TΓ©cnicos AvanΓ§ados de EmergΓͺncia MΓ©dica e, por fim, os ParamΓ©dicos: estes profissionais altamente especializados atuam com base numa ciΓͺncia mΓ©dica - a Medicina PrΓ©-Hospitalar, uma Γ‘rea autΓ³noma, reconhecida internacionalmente, e que decorre da prΓ‘tica mΓ©dica. Desde logo, exercem com base em ciΓͺncia, conhecimento tΓ©cnico educaΓ§Γ£o e treino especializado, e dirigido. Mas que devido a vΓ‘rios interesses e corporativismos nΓ£o existem em Portugal. Pondo vidas em risco. 


Os Enfermeiros, por sua vez, atuam com base na CiΓͺncia da Enfermagem - o que, naturalmente, nΓ£o se confunde com Medicina nem com a sua aplicaΓ§Γ£o em contexto prΓ©-hospitalar. Parece simples e esclarecedor.


A imagem recentemente divulgada pela Ordem dos Enfermeiros (OE) levanta sΓ©rias preocupaΓ§Γ΅es. NΓ£o apenas pela mensagem explΓ­cita, mas sobretudo pelo que deixa subentendido. A frase “Em caso de emergΓͺncia, contamos com os enfermeiros” pode, Γ  primeira vista, parecer um justo reconhecimento da classe de enfermagem. Contudo, quando inserida num contexto nacional de esforΓ§o coletivo para melhorar e integrar a resposta em emergΓͺncia prΓ©-hospitalar, adquire contornos de afirmaΓ§Γ£o de superioridade, exclusΓ£o e atΓ© discriminaΓ§Γ£o.


SerΓ‘ que, segundo esta narrativa, tudo o que nΓ£o Γ© enfermeiro… simplesmente nΓ£o conta?


A emergΓͺncia prΓ©-hospitalar em Portugal Γ© assegurada, na sua maioria, pelos Corpos de Bombeiros, que contam com os Tripulantes de AmbulΓ’ncia de Socorro (TAS), que dΓ£o resposta a 90% das ocorrΓͺncias quer sejam elas de prioridade mΓ‘xima ou nΓ£o, sendo na maioria das vezes os ΓΊnicos provedores de cuidados de emergΓͺncia disponΓ­veis, pelos TΓ©cnicos de EmergΓͺncia PrΓ©-hospitalar (TEPH), maioritariamente localizados nos grandes centros urbanos e pese embora detentores de uma formaΓ§Γ£o relativamente mais avanΓ§ada, apenas respondem em cerca de 10% das ocorrΓͺncias. Ambos os profissionais com elevada dedicaΓ§Γ£o, experiΓͺncia e formaΓ§Γ£o especΓ­fica, ainda que limitada na sua atuaΓ§Γ£o. Reduzir este ecossistema complexo Γ  ideia de que “sΓ³ os enfermeiros garantem a qualidade” Γ© alΓ©m de injusto e desrespeitoso, tambΓ©m perigosamente divisionista.


Mais preocupante ainda Γ© o facto de a Ordem dos Enfermeiros (OE), nΓ£o tendo participado desde o inΓ­cio na construΓ§Γ£o do sistema PrΓ©-hospitalar, nem na definiΓ§Γ£o das suas formaΓ§Γ΅es e qualificaΓ§Γ΅es, optar agora por intervir atravΓ©s de uma campanha que, na prΓ‘tica, afirma: se nΓ£o forem os enfermeiros a liderar, entΓ£o nada serve. Isto Γ©, no mΓ­nimo, corporativismo disfarΓ§ado de zelo profissional - e sim, mais uma forma de discriminaΓ§Γ£o institucional.


O subtexto nΓ£o Γ© inocente, neste estΓ‘ implΓ­cita a ideia de que os bombeiros nΓ£o licenciados - que todos os dias arriscam a vida para salvar outras - sΓ£o incompetentes ou ignorantes, e que necessitam de um enfermeiro por perto para serem “corrigidos”. E isto Γ© falso e injusto.


A OE tem, ao longo do tempo, bloqueado ativamente a evoluΓ§Γ£o das equipas prΓ©-hospitalares dos bombeiros e do INEM - e existem provas concretas disso mesmo. Γ‰ uma tentativa subtil de desvalorizar quem nΓ£o tem um diploma universitΓ‘rio, mesmo quando esses profissionais possuem mais experiΓͺncia prΓ‘tica, mais horas de treino real e mais tempo de serviΓ§o em cenΓ‘rios de emergΓͺncia do que muitos recΓ©m-licenciados.


Quanto Γ  imagem em si, importa questionar:

• Qual a razΓ£o da escolha de uma mensagem com um tom de exclusividade, numa Γ‘rea que exige colaboraΓ§Γ£o multidisciplinar?

• Sendo do conhecimento geral a gritante falta de enfermeiros no SNS (cerca de 15.000), como se propΓ΅e a OE a capacitar todos os meios com enfermeiro?

• Que sentido faz, por parte de uma Ordem que tanto rejeita "imposiΓ§Γ΅es", queixando-se de invasΓ΅es do seu espaΓ§o profissional, vir promover agora um discurso impositivo, do tipo: “a qualidade somos nΓ³s; o resto Γ© acessΓ³rio”?


A Ordem dos Enfermeiros deve, naturalmente, defender os interesses da sua classe. Mas deve fazΓͺ-lo sem diminuir outras profissΓ΅es, e sem tentar sobrepor-se a Γ‘reas que nΓ£o lhe pertencem legalmente, e sobretudo, sem ignorar a Lei, como jΓ‘ foi decidido em tribunais portugueses relativamente a matΓ©rias semelhantes.


Se os enfermeiros nΓ£o querem ser mandados, tambΓ©m nΓ£o podem querer mandar sozinhos.


Este tipo de postura fragiliza o sistema, prejudica os doentes e alimenta uma guerra de classes profissionais onde deveria prevalecer apenas uma prioridade: salvar vidas.


Surge, entretanto, a AssociaΓ§Γ£o Nacional de Enfermeiros – Bombeiros, mas vale a pena recordar: estΓ£o inseridos em Corpos de Bombeiros, e, portanto, Bombeiros – Enfermeiros, e nΓ£o o contrΓ‘rio. Os Corpos de Bombeiros nΓ£o sΓ£o propriedade de classes ou grupos profissionais. SΓ£o espaΓ§os comuns, de serviΓ§o Γ  comunidade, abertos a todos os que servem, licenciados ou nΓ£o. Mas sΓ£o dos BOMBEIROS!


A emergΓͺncia prΓ©-hospitalar nΓ£o se constrΓ³i com slogans. Nem com medidas tidas em corredores sombrios. 


E sobre isto, muito hΓ‘ a dizer, na hora, e local certo. 


A procissΓ£o ainda nem saiu.


ANTEM - AssociaΓ§Γ£o Nacional dos TΓ©cnicos de EmergΓͺncia MΓ©dica 

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