Iniciou-se a vacinação dos bombeiros portugueses contra a covid-19. Trata-se do arranque de um processo pelo qual muito temos lutado junto do Governo, quer junto do Ministério da Administração Interna, quer do Ministério da Saúde.
A relevância e a urgência da vacinação foram sempre para nós um imperativo nesses contactos e continua a sê-lo, razão pela qual continuaremos a lutar pela agilização de todos, sublinhe-se, todos os nossos bombeiros.
Assinalamos o arranque da vacinação com agrado, mas, apesar disso, sob protesto. Entendemos sempre e exigimos sempre que a vacinação não ocorresse por etapas, como pretendem fazê-lo. A nossa oposição a esse procedimento baseou-se em questões muito práticas e concretas. A sugestão que nos foi feita tinha a ver com um grupo inicial de operacionais a identificar pelos respetivos comandos entre aqueles que mais estejam na linha da frente. Contudo, todos o sabemos, não obstante haver sempre em cada corpo de bombeiros um número de operacionais, normalmente assalariados ou até voluntários, que com mais frequência respondem ao socorro, também é verdade que no período crítico pandémico que estamos a viver o número e o grau de risco de intervenções pré-hospitalares tem obrigado a recorrer a mais operacionais, na maioria voluntários. Ora, feitas as contas, o número de vacinas disponibilizadas nesta fase para cada corpo de bombeiros está longe de cobrir esse grupo de operacionais. Em complemento registe-se a dificuldade acrescida para qualquer comando para, em termos operacionais, gerir o seu quadro ativo entre quem está e não está vacinado contra a covid-19.
Por tudo isso, reiteramos a insistência para que, caso não seja possível alterar o faseamento da aplicação da vacina aos bombeiros, esta seja encurtada no tempo o mais urgentemente possível. Mas continuaremos a assumir o nosso protesto em relação a esse faseamento tendo em conta, inclusive, tudo aquilo que foi tornado público sobre abusos e falta de transparência na distribuição e aplicação das vacinas.
Sobre isso, de forma muito direta e imediata, não deixámos de emitir um protesto público contra aquilo que apelidámos de falta de transparência e rigor nisso e também prestado tratamento a bombeiros como se de filhos ou enteados se tratasse.
Muitas destas situações foram apelidadas como “chico espertismo”, mas nós não podemos deixar de identificar como uma verdadeira fraude, um crime inequívoco, um abuso de confiança e uma falta de carater demonstrada por quem tomou tais iniciativas, pactuou e foi cúmplice.
Não deixa de ser estranho que o próprio Ministério da Saúde repudie e lamente esses abusos e fraudes, mas em termos que nos faz crer estar fora disso quando todos sabe mos que não é verdade.
E se tem sido tão difícil negociar a vacinação prioritária dos bombeiros, coisa que nem precisaria de demonstração por ser tão evidente, mais estranho nos parece poder conviver com os atropelos de um processo que, repetimos, tem que ser transparente e rigoroso.
O combate à pandemia tem sido um enorme e complexo desafio no qual os bombeiros portugueses se têm aplicado com competência, dedicação e espírito de sacrifício. Aliás, a história de Portugal é cheia de momentos que atestam e demonstram o envolvimento exemplar dos nossos Bombeiros, seja em incêndios, cheias, tremores de terra, acidentes vários e outros.
Todos estes momentos têm em comum uma inequívoca vontade de velar pela segurança e pelo socorro dos portugueses. Momentos que hoje, em plena pandemia, podem reforçar as garantias sentidas pelos portugueses de que os seus bombeiros continuarão a pugnar por si. Assim não, os Bombeiros merecem mais e melhor!
LBP
Foto: Federação de Bombeiros do Distrito de Lisboa
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