Já é Mania... - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Já é Mania...


Volta e meia lá surge outra vez o problema, porventura ditado pelos chamados mangas-de-alpaca, os burocratas que só veem papéis e são alheios à realidade.

Falo de uma nova vaga de multas por excesso de velocidade a que as associações e corpos de bombeiros estão a ser sujeitos.

Sempre que a questão se põe, a Liga dos Bombeiros Portugueses tem questionado as várias entidades e, por tempos, o problema fica resolvido.

Agora, volta de novo, com os mesmos contornos, as associações e corpos de bombeiros, mais uma vez, voltam a fazer prova a quem de direito das razões da marcha de urgência em que as suas viaturas foram detectadas.

Nalguns casos, o bom senso voltará a imperar, mas também haverá casos de multas que até poderão arrastar-se pelos tribunais com perdas de tempo e prejuízo para os bombeiros. Quando, obviamente, terão muito mais que fazer. E o que possa estar em causa, como é sabido, está perfeitamente demonstrado e documentado.

Aliás, os bombeiros até poderão aconselhar as mesmas entidades, que mais uma vez os visam e fazem perder tempo, a tratar de outros assuntos, esses mesmo graves, para os quais elas não têm tido resposta cabal, ao contrário do que seria sua obrigação fazer.

Falo do inequívoco caso de saúde pública que se passa com o triste recorde de tantas mortes ocorridas nas estradas portuguesas.

Ao longo dos anos apenas os bombeiros têm feito investimentos de monta na luta contra a morte nas estradas. Nesse domínio, têm mantido a dianteira com investimentos em formação e na obtenção de mais e melhores meios para desencarceramento e salvamento nas estradas. Recursos e meios que têm obstado a que o número de mortes e feridos, mesmo assim, se agrave ainda mais.

É um caso de saúde pública, nacional, pela dimensão, desde logo, pelo impacto social que daí resulta, mas também económico.

Os números arrepiam-nos e dão que pensar sobre o que seria se os bombeiros não tivessem investido e ganho competências e meios para evitar maiores consequências dos acidentes nas estradas portuguesas. Por certo, a realidade seria bem pior.

Era suposto, em início de mais um ano, estar aqui a escrever-vos um texto simpático, pela positiva, até optimista, porventura. Não o faço por que, não obstante ser optimista e positivista por natureza, acho que a situação que se vive nas nossas estradas é tão grave que não nos pode deixar indiferente nem evitar assumi-la como um fortíssimo desígnio para o ano que agora começou. Ainda por cima, quando os bombeiros, aqueles que mais lutam contra esse flagelo, acabam por ser alvo das entidades que os deviam apoiar nesse desígnio, e não os multar por excesso de velocidade quando realizam emergências.

A redução de mortes nas estradas não pode deixar de nos preocupar como cidadãos, e por maioria de razão, como bombeiros. Porventura, haverá razões objectivas que levam a que isso lamentavelmente ainda não aconteça, e que se traduzem em falta de estratégia e investimento na prevenção e sensibilização dos automobilistas e, também outros públicos, desde os bancos da escola até à idade adulta.

Os bombeiros têm feito muito nesse sentido. Equiparam-se, formaram-se e, há muito, sensibilizam os cidadãos, inclusive nas escolas. Estarão dispostos a continuar. Mas também desejarão que as entidades, que deveriam ser suas parceiras nesse desiderato, e nem sempre o são, ao menos, parem de vez de os perseguir com as ditas multas por excesso de velocidade em marcha de urgência. Já é mania.

LBP

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