Crise Sísmica nos Açores ainda Deverá Durar mais Alguns Dias - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Crise Sísmica nos Açores ainda Deverá Durar mais Alguns Dias


Das "muitas centenas" de tremores de terra, só 28 foram sentidos pela população da zona central da ilha de São Miguel

A crise sísmica que está a afetar desde ontem a zona central da ilha de São Miguel, nos Açores, entre a Serra da Água de Pau e a Lagoa do Congro, "deverá durar alguns dias, mas é expectável que a sua intensidade diminua nas próximas horas e ao longo dos próximos dias, e que a situação não se prolongue por meses", disse ao DN o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Miguel Miranda. O facto de esta crise sísmica ocorrer numa zona bastante delimitada da ilha "aponta nesse sentido", sublinha o especialista.

Ontem ao fim da tarde, o CIVISA, Observatório Vulcanológico e Sismológico da Universidade dos Açores, que assegura em permanência a monitorização e vigilância dos riscos geológicos dos Açores, já registava "um ligeiro decréscimo da atividade sísmica", como adiantou ao DN Teresa Ferreira, investigadora daquele organismo. A situação vai continuar, no entanto, a ser acompanhada e os dois especialistas alertam para que a população deve permanecer atenta às indicações do serviço regional de proteção civil. Este, bem como o governo regional, estão a acompanhar a situação em permanência (ver texto ao lado).

A atividade sísmica intensificou-se na zona central da ilha de São Miguel pelas 23.47 de domingo (hora local) e desde então já "foram registadas muitas centenas de de microssismos" na zona - a sua contabilidade final ainda estava ontem, ao fim do dia, a ser concluída pelos investigadores do CIVISA.

"Só 28 destes sismos foram sentidos pela população residente entre Água de Pau e Povoação, na costa Sul, e entre Rabo de Peixe e Fenais da Ajuda, na costa Norte", adiantou ainda Teresa Ferreira. "O mais intenso de todos tremores de terra registados atingiu 3,1 na escala de Richter e ocorreu às 06.18 [de ontem], e o último que foi sentido ocorreu ainda durante a manhã, às 11.25", especificou a investigadora.

Os dados recolhidos pelo CIVISA mostram que esta crise sísmica está associada a um sistema regional de falhas que atravessa a ilha, com uma direção Noroeste-Sudeste, que tem sido fonte nas últimas décadas de vários picos de atividade sísmica.

Um deles ocorreu em 2005 e prolongou-se por cerca de quatro meses. Também em 2007 e em 2011 se registou uma atividade sísmica acima do normal naquela mesma zona da ilha, mas tanto num caso como noutro foram situações de menor intensidade e duração, em relação a 2005.

Sobre a atual crise sísmica "não é possível fazer previsões", diz Teresa Ferreira. "Há um ligeiro decréscimo da atividade, e não existem neste momento alterações ao nível dos sistemas vulcânicos da zona", adianta. O que se observa, diz, "é um padrão tectónico, em que estão a ocorrer fraturas nas rochas deste sistema de falhas". Mas, afirma, "continuamos a monitorizar e a acompanhar a situação, nunca esquecendo que estamos numa região vulcânica ativa, e que temos de estar atentos a eventuais alterações nos sistemas vulcânicos".

Para já não existe nenhum sinal nesse sentido e a intensidade dos sismos permanece baixa, o que implica que também não existe nenhum risco de tsunami.

Situado numa zona de confluência de três placas tectónicas - a Eurasiática, a Africana e a Americana - o arquipélago dos Açores é uma região de grande sismicidade.

Na prática - e mesmo que de forma indireta em relação à presente crise sísmica -, o movimento de afastamento entre as placas funciona como motor para a alta sismicidade na região, e nomeadamente na ilha de São Miguel. "A placa africana e a placa eurasiática estão ali a afastar-se uma da outra a uma velocidade de cerca de cinco milímetros ao ano", diz Miguel Miranda.

Fonte: DN

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