“Suspeito que é difícil amar um bombeiro” - VIDA DE BOMBEIRO

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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

“Suspeito que é difícil amar um bombeiro”


O bombeiro é uma figura consensual, admirada reconhecida e acarinhada pela sociedade, sobretudo no nosso País onde a esmagadora maioria das mulheres e homens que assumem esta missão o fazem de forma voluntária, sem auferirem um cêntimo, mas, ainda assim, cumprindo uma série de exigências. Dão tempo e saber à comunidade, arriscam a vida em prol do seu semelhante. Deixam a casa a família, vão mesmo sem saberem se voltam.

Rejeitam ser especiais, mas são, certamente, diferentes, tal como são as suas mães, pais, mulheres, maridos ou filhos, que acabam por ser, também, militantes da causa.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses nas suas intervenções um pouco por tudo o País, nunca esquece o que designa de “retaguarda avançada”, porque na verdade é nela que os bombeiros encontram forças quando vão, quando lá estão e, certamente, um refugio no ansiado regresso a casa.

Cecília Tomé e Marina Rodrigues, as companheiras de dois dos bombeiros de Castanheira de Pera, apanhadas pelas chamas de Pedrógão, são o exemplo dessa extraordinária coragem, que parece não esmorecer, até mesmo quando a tragédia lhes muda a vida.

Num destes dias, o comandante dos Voluntários de Maceira, na cerimónia comemorativa do 35.º aniversário da associação falou às famílias dos seus operacionais, colocando emoção nas palavras que ganham ainda mais peso e um outro sentido depois de um verão tão difícil para os bombeiros de Portugal e, por consequência, para todos aqueles que semanas a fio, com o coração nas mãos e o credo na boca, aguardaram o regresso da filha, do pai, da neta ou do marido.

Em jeito de tributo aos familiares dos nossos soldados paz, aqui reproduzimos a mensagem do comandante dos Voluntários da Maceira:

“Suspeito que é difícil amar um Bombeiro. Seja este amor de uma esposa ou marido, de um namorado ou companheira, de um filho ou de um pai, de um irmão ou um amigo.

Ser bombeiro é sair sem olhar para trás. É ouvir a sirene e esquecer as idas à praia, os almoços de domingo, os fins de semana fora, as saídas à noite, os convívios e compromissos.

Ser bombeiro é ir sem pensar nos que ficam, mas ainda assim levá-los no coração. Mesmo que não o digam nem o demonstrem, nunca é fácil ser-se ausente.

Ser bombeiro é regressar a casa, esse regresso tão ansiado por vós, mesmo que este não traga paciência e atenção, mas sim cansaço e necessidade de sossego e compreensão.

Suspeito que seja difícil compreender tamanha entrega e compromisso a uma camisola. Camisola essa que não traz bens materiais para casa, mas decerto trará orgulho!

É por isso que me dirijo a vós, familiares e amigos, tantas vezes prejudicados por um bem maior, agradecendo o apoio que dão aos nossos soldados da paz. Da roupa que aprumam à pressa tão cuidadosamente para podermos regressar,

No fundo, vocês acabam por amar esta farda tanto como nós.

Obrigado também por saberem, que mesmo regressando do combate em localidades mais distantes, temos ainda os dias de piquete a cumprir, não deixando que esta ausência vos marque”.

Obrigada comandante Luís Ferreira.

Sofia Ribeiro in LBP

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