Atribuições, Muitas… Proventos, Poucos - VIDA DE BOMBEIRO

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sábado, 31 de outubro de 2015

Atribuições, Muitas… Proventos, Poucos

Ao longo dos últimos anos, as associações humanitárias e os corpos de bombeiros têm chamado a si responsabilidades várias, substituindo-se, muitas vezes, às entidades que as deveriam assumir ou, em alternativa, custeá-las.

Um pouco à semelhança das autarquias, que ao abrigo de um mal-amanhado ou conveniente processo de descentralização vão somando poderes desorçamentados, os bombeiros, com propósito maior de servir cada vez melhor as suas comunidades, acumulam missões, fazem investimentos, ainda que sem garantias de qualquer tipo de apoio ou financiamento

Basta um périplo pelos quartéis para perceber que, no conceito de socorro, cabe quase tudo e, assim, sendo que os bombeiros, numa versão minimalista, “salvam vidas das pessoa e preservam os seus bens”, mas na realidade resgatam animais, abrem portas, limpam e desobstruem vias, garantem o abastecimento de água e até entram no combate à vespa asiática, uma praga que aumenta de norte a sul do Pais e muito trabalho tem dado aos operacionais.

Por outro lado, os territórios crescem, desenvolvem-se, acolhem polos turísticos, unidades de apoio à saúde, equipamentos vocacionados para a terceira idade, parques industriais, aterros ou barragens e, raramente, os bombeiros são chamados a avaliar riscos, a participar na realização de planos de segurança ou de emergência ou tão pouco a testá-los.

A título de exemplo, os Voluntários de Amarante e de Ponte de Lima não têm sossego com a proliferação da malfadada velutina ou “vespa assassina" e, não havendo nem outros meios nem recursos humanos, tiveram que se preparar para, em segurança, responder às solicitações das populações.

Nos territórios que o Alqueva invadiu, nomeadamente Mourão, embora não haja qualquer apoio, os bombeiros assumem como prioritário o investimento em meios de regaste aquático, bem como formação dos operacionais, para que, em caso de acidente, a falta de recursos, não inviabilize o socorro.

Na Chamusca as preocupações prendem-se com a instalação de um parque industrial, onde “ninguém sabe muito bem o que para lá está”, como revelam os voluntários locais, que defendem a aquisição de um veículo especial com capacidade para atalhar qualquer problema que surja naquela infraestrutura, e que só não está já à disposição do concelho, porque a associação não dispõe de recursos para tão grande investimento, que afinal deveria ser assumido pelas empresas que ali estão instaladas. Mas se algo de grave acontecer, ainda que sem meios apropriados, certamente os Bombeiros da Chamusca vão arriscar a sua vida para salvar outras e preservar bens que não são seus.

Ironicamente, resta às direções, comandos e corpos ativos pagar o socorro que eles próprios asseguram voluntariamente, de forma abnegada.

Sofia Ribeiro
LBP

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