“Alea jacta est” (A Sorte Está Lançada) - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

“Alea jacta est” (A Sorte Está Lançada)

Perdoem-me a citação em latim, porventura pretensiosa, mas que serve para recuar às origens de factos ocorridos e sinalizar uma histó­ria verdadeira, da realidade da vida, da tradição e da história universal.

Do fundo do baú, no meio dos livros de latim e grego que fui obrigado a trilhar, surge um acontecimento histó­rico que, em síntese, nos demonstra, acima de tudo, que a história, não só não se repete, como nem se rebobina nem volta atrás.

A expressão latina “Alea jacta est” tem merecido várias traduções ou lei­turas. “Os dados estão lançados” é uma delas. “A sorte está lançada” é outra. No fundo, sempre assente na lógica da irreversibilidade e da impor­tância da decisão tomada e dos riscos assumidos.

O facto aconteceu. A frase é atri­buída a Júlio César ao tomar a decisão de não voltar atrás para atravessar o rio Rubicão com as suas legiões, em terras que hoje delimitam a fronteira norte da Itália, afrontando o poder de Roma e o Senado.

A questão em apreço está, não só na vontade nem apenas no desejo, mas no próprio valor da decisão, no atrevimento em fazê-lo, na coragem em assumir que, como é comum di­zer-se, nada será como dantes a par­tir dela.

Assim estão também os bombeiros, depois da discussão e das decisões to­madas em congresso, quer, para prosseguir o trabalho já iniciado, mas agora em novos patamares e etapas, quer para, a par disso, avançar para novos desafios também traçados e anunciados no congresso.

O grito de Júlio César, transposto para o actual momento dos Bombei­ros Portugueses, traduz a irreversibi­lidade, a convicção das decisões to­madas sobre o seu futuro e, pelo ím­peto e conteúdo, afasta totalmente a possibilidade de recuar ou voltar atrás.

Em abono da verdade, é isso que os bombeiros portugueses já fazem todos os dias na sua missão de pres­tar socorro. A heroicidade e capacida­de técnica aplicadas pelos bombeiros no socorro quantas vezes tornam o andamento da sua acção, forçosa­mente rápido, exigente e também ir­reversível. Há manobras e decisões que depois de tomadas, pese embora os riscos assumidos para socorrista e socorrido, não poderão ser anuladas.

É isso que torna os bombeiros, nem melhores, nem piores, mas dife­rentes, claramente diferentes. Muitos gostariam de ser como eles, mas não são. O facto é esse. Não basta gostar. É preciso querer e saber decidir.

Para os bombeiros, sempre que a sua intervenção é precisa, o lema é “Vida por Vida”. Por que não, tam­bém, “Alea jacta est”.

Fonte: Jornal Bombeiros de Portugal