Garantem os responsáveis deste setor que, por enquanto, a emigração ainda não é problema para a generalidade dos corpos de bombeiros, que os números não são expressivos, contudo este é fenómeno está a deixar marcas, lacunas difíceis de preencher, nomeadamente no designado “país profundo”, onde falta tudo, sobretudo voluntários para abraçar a causa.
Na verdade, “partem sempre os melhores”, conforme referem os responsáveis operacionais, os homens e mulheres que, precisamente, pela formação e pelas qualidades humanas intrínsecas, têm alguma facilidade em encontrar, noutras paragens, as condições de vida que Portugal deixou de poder garantir.
Assim sendo, em vários quartéis, a escassez de recursos humanos é equivalente à falta de referências, exemplos motivadores para o grupo. Contudo, em jeito de compensação, fica a certeza que a ligação à causa não se perde.
“Bombeiro uma vez, bombeiro sempre” uma expressão muito usada no seio destas verdadeiras famílias e que de alguma forma reflete o “estado de alma” por muitos dos que são forçados a despir a farda, a suspender o contrato com o voluntariado.
Muitos dos que deixam o país fazem questão de continuar, no limite das suas possibilidades, a tentar cumprir durante as férias as horas de serviço que os livrem da reserva. Outros, quando impossibilitados de cumprir o lema “vida por vida” encontram outras formas de continuar a servir as suas associações.
Exemplo dessa ligação, Mauro Gentz, um jovem que encontrou modo de vida na Alemanha e partiu, mas que, pouco tempo depois, estava a enviar para o Voluntários da Cruz Branca, algumas dezenas de computadores portáteis, para equipar as salas de formação dos operacionais. Também Júlio Nóbrega deixou a sua terra natal, mas não esqueceu a família dos bombeiros tendo, recentemente, promovido no país de acolhimento uma iniciativa solidária que permitiu angariar verbas para esta instituição de Vila Real.
Exemplos não faltam como o do subchefe Luís Teixeira, que depois de mais de 25 anos ao serviço dos Bombeiros da Póvoa do Varzim, rumou ao Luxemburgo, mas não esquece esta sua família. Ingressou no quadro de honra, deixou o coração no quartel, tal como uma magnífica coleção de miniaturas de bombeiros que embeleza uma das áreas mais nobres da sede desta associação.
Gestos que tocam, reveladores da paixão e da entrega, que norteiam os soldados paz e que os tornam únicos e especiais, porque, na verdade, “não é bombeiro quem quer, mas sim quem pode”.
Fonte: Jornal Bombeiros de Portugal