Longe da Vista, Perto do Coração - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Longe da Vista, Perto do Coração

Garantem os responsáveis deste setor que, por en­quanto, a emigração ainda não é problema para a generalida­de dos corpos de bombeiros, que os números não são ex­pressivos, contudo este é fe­nómeno está a deixar marcas, lacunas difíceis de preencher, nomeadamente no designado “país profundo”, onde falta tudo, sobretudo voluntários para abraçar a causa.

Na verdade, “partem sem­pre os melhores”, conforme referem os responsáveis ope­racionais, os homens e mulhe­res que, precisamente, pela formação e pelas qualidades humanas intrínsecas, têm al­guma facilidade em encontrar, noutras paragens, as condi­ções de vida que Portugal dei­xou de poder garantir.

Assim sendo, em vários quartéis, a escassez de recur­sos humanos é equivalente à falta de referências, exemplos motivadores para o grupo. Contudo, em jeito de compen­sação, fica a certeza que a li­gação à causa não se perde.

“Bombeiro uma vez, bom­beiro sempre” uma expressão muito usada no seio destas verdadeiras famílias e que de alguma forma reflete o “esta­do de alma” por muitos dos que são forçados a despir a farda, a suspender o contrato com o voluntariado.

Muitos dos que deixam o país fazem questão de conti­nuar, no limite das suas possi­bilidades, a tentar cumprir du­rante as férias as horas de ser­viço que os livrem da reserva. Outros, quando impossibilita­dos de cumprir o lema “vida por vida” encontram outras formas de continuar a servir as suas associações.

Exemplo dessa ligação, Mauro Gentz, um jovem que encontrou modo de vida na Alemanha e partiu, mas que, pouco tempo depois, estava a enviar para o Voluntários da Cruz Branca, algumas dezenas de computadores portáteis, para equipar as salas de for­mação dos operacionais. Tam­bém Júlio Nóbrega deixou a sua terra natal, mas não es­queceu a família dos bombei­ros tendo, recentemente, pro­movido no país de acolhimen­to uma iniciativa solidária que permitiu angariar verbas para esta instituição de Vila Real.

Exemplos não faltam como o do subchefe Luís Teixeira, que depois de mais de 25 anos ao serviço dos Bombeiros da Póvoa do Varzim, rumou ao Luxemburgo, mas não esque­ce esta sua família. Ingressou no quadro de honra, deixou o coração no quartel, tal como uma magnífica coleção de mi­niaturas de bombeiros que embeleza uma das áreas mais nobres da sede desta associa­ção.

Gestos que tocam, revela­dores da paixão e da entrega, que norteiam os soldados paz e que os tornam únicos e es­peciais, porque, na verdade, “não é bombeiro quem quer, mas sim quem pode”.

Fonte: Jornal Bombeiros de Portugal