29 de Junho de 2008
Era Domingo, e nós andávamos a fazer o curso de salvamento em grande ângulo.
Tínhamos tido um dia muito cansativo, com muito calor, e com muito desgaste físico. O dia foi passado no quartel dos bombeiros de Melres na casa escola, e já ao final do dia quando regressávamos ao quartel, recebemos a indicação de que haveria um acidente grave no Torrão, e de imediato nos deslocamos para o local para ajudar os camaradas nas operações de socorro.
Quando lá chegamos encontrámos um jipe capotado numa ravina com aproximadamente 15 metros, no seu exterior encontrava-se um jovem preso por baixo de um dos rodados do jipe.
Pelo que percebemos o jovem tinha ido a um café buscar cerveja para os familiares que tinha em casa, e na ultima curva antes de chegar ao seu destino, perdeu o controlo do jipe, acabando por cair pela ravina.
A posição em que encontramos o jovem Bruno, dificultou-nos um pouco o nosso trabalho, pois este como já disse, encontrava-se em decúbito lateral com o tórax por baixo de um dos rodados.
Fez-se transmissão de dados ao CODU solicitando apoio médico, pois a vitima encontrava-se em PCR (paragem cardio respiratória).
Sabíamos que tínhamos que ser rápidos, dada a gravidade da situação.
Começamos a trabalhar com as almofadas pneumáticas, coloca-mo-las por baixo do jipe e rapidamente se começou a levantar o veiculo, colocamos o Bruno no plano duro, imobilizamos e demos inicio a manobras de reanimação ao mesmo tempo que o transportávamos para a nossa viatura.
A sirene da viatura médica já se ouvia ao longe, mas dei por mim a comentar com os camaradas que já pouco ou nada se podia fazer, pois a gravidade dos ferimentos era imensa (TCE, TVM, hemorragias internas, fracturas múltiplas nos membros inferiores e superiores, fractura exposta, e muitas feridas incisas em todo o corpo), mas mesmo assim demos o nosso melhor e fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.
Quando chegou a equipa médica, depois de efectuados todos os exames possíveis e imaginários, e depois de longos minutos de RCP, pois a vitima era jovem, a equipa médica chegou há conclusão de que não havia nada a fazer, o Bruno não resistiu aos ferimentos graves provocados pelo acidente.
É sempre complicado ver um jovem morrer desta forma, e torna-se mais complicado ainda quando são nossos conhecidos ou amigos, o Bruno era um amigo, um bom amigo, custou-me imenso ver o médico dar a informação há mãe, "minha senhora, fizemos tudo pelo seu filho, mas infelizmente ele não resistiu aos ferimentos, lamentámos muito".
Estas palavras caem que nem uma bomba no coração de uma mãe, mãe essa que tinha no seu filho um refugio, um amigo, uma vida. Passou largos minutos aos gritos pelo seu filho, culpabilizando-se pela sua morte, sentia-se culpada por não ter impedido o filho de sair de casa, mas deixe que lhe diga Dª Conceição, que a culpa não foi sua nem de ninguém, simplesmente estava destinado que assim fosse, por isso não se culpabilize por uma coisa de que ninguém pode ser acusado.
Somos treinados até ao limite para fazermos tudo pelo nosso semelhante, para fazer tudo para os salvarmos, somos treinados, para não nos deixarmos abater pelo sentimento da revolta e pelo sentimento da impotência, mas há alturas em que tudo isto é quase impossível de controlar, pois por muitas situações que se vá vivendo ao longo dos anos, lá chega um dia em que tudo o que aprendemos e fomos treinados, deixa de surtir efeito.
Como disse é sempre complicado ver pessoas a morrer desta forma, e o Bruno tinha toda uma vida pela frente, quis o destino que morresse muito perto de casa, numa estrada que conhecia desde pequeno, estrada essa que fazia todos os dias, várias vezes por dia, mas a vida é mesmo assim, injusta. Vê-lo ali imóvel, sem poder fazer nada por ele, gerou em mim uma revolta enorme, uma revolta de querer fazer sempre cada vez mais e melhor, uma revolta para que situações destas não aconteçam com outras pessoas.
Por isso meu amigo, onde quer que estejas, olha por nós que fizemos tudo por ti, mas olha principalmente pela tua mãe, porque ainda hoje ela chora a tua morte, e pelo que sei, vai continuar a chorar todos os dias da sua vida.
A posição em que encontramos o jovem Bruno, dificultou-nos um pouco o nosso trabalho, pois este como já disse, encontrava-se em decúbito lateral com o tórax por baixo de um dos rodados.
Fez-se transmissão de dados ao CODU solicitando apoio médico, pois a vitima encontrava-se em PCR (paragem cardio respiratória).
Sabíamos que tínhamos que ser rápidos, dada a gravidade da situação.
Começamos a trabalhar com as almofadas pneumáticas, coloca-mo-las por baixo do jipe e rapidamente se começou a levantar o veiculo, colocamos o Bruno no plano duro, imobilizamos e demos inicio a manobras de reanimação ao mesmo tempo que o transportávamos para a nossa viatura.
A sirene da viatura médica já se ouvia ao longe, mas dei por mim a comentar com os camaradas que já pouco ou nada se podia fazer, pois a gravidade dos ferimentos era imensa (TCE, TVM, hemorragias internas, fracturas múltiplas nos membros inferiores e superiores, fractura exposta, e muitas feridas incisas em todo o corpo), mas mesmo assim demos o nosso melhor e fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.
Quando chegou a equipa médica, depois de efectuados todos os exames possíveis e imaginários, e depois de longos minutos de RCP, pois a vitima era jovem, a equipa médica chegou há conclusão de que não havia nada a fazer, o Bruno não resistiu aos ferimentos graves provocados pelo acidente.
É sempre complicado ver um jovem morrer desta forma, e torna-se mais complicado ainda quando são nossos conhecidos ou amigos, o Bruno era um amigo, um bom amigo, custou-me imenso ver o médico dar a informação há mãe, "minha senhora, fizemos tudo pelo seu filho, mas infelizmente ele não resistiu aos ferimentos, lamentámos muito".
Estas palavras caem que nem uma bomba no coração de uma mãe, mãe essa que tinha no seu filho um refugio, um amigo, uma vida. Passou largos minutos aos gritos pelo seu filho, culpabilizando-se pela sua morte, sentia-se culpada por não ter impedido o filho de sair de casa, mas deixe que lhe diga Dª Conceição, que a culpa não foi sua nem de ninguém, simplesmente estava destinado que assim fosse, por isso não se culpabilize por uma coisa de que ninguém pode ser acusado.
Somos treinados até ao limite para fazermos tudo pelo nosso semelhante, para fazer tudo para os salvarmos, somos treinados, para não nos deixarmos abater pelo sentimento da revolta e pelo sentimento da impotência, mas há alturas em que tudo isto é quase impossível de controlar, pois por muitas situações que se vá vivendo ao longo dos anos, lá chega um dia em que tudo o que aprendemos e fomos treinados, deixa de surtir efeito.
Como disse é sempre complicado ver pessoas a morrer desta forma, e o Bruno tinha toda uma vida pela frente, quis o destino que morresse muito perto de casa, numa estrada que conhecia desde pequeno, estrada essa que fazia todos os dias, várias vezes por dia, mas a vida é mesmo assim, injusta. Vê-lo ali imóvel, sem poder fazer nada por ele, gerou em mim uma revolta enorme, uma revolta de querer fazer sempre cada vez mais e melhor, uma revolta para que situações destas não aconteçam com outras pessoas.
Por isso meu amigo, onde quer que estejas, olha por nós que fizemos tudo por ti, mas olha principalmente pela tua mãe, porque ainda hoje ela chora a tua morte, e pelo que sei, vai continuar a chorar todos os dias da sua vida.
Para ti meu amigo, deixo o meu abraço de saudade.
Com carinho e muita saudade,
José Filipe
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