Ao olhar para tudo o que foi dito e feito durante o presente ano, tudo indica que o voluntariado nos bombeiros, vai mesmo acabar.
Ana Luísa Damasceno, presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Braga, alertou, nas primeiras Jornadas Nacionais de Bombeiros na cidade de Guimarães, para a falta de incentivos ao voluntariado.
O secretário de Estado da Proteção Civil presente nas cerimónias, em representação do Governo, ouviu dos vários responsáveis do setor o apelo para que “seja nesta legislatura” que se façam “as reformas necessárias à sobrevivência dos bombeiros”.
A presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Braga garante que é o “profissionalismo” dos bombeiros que faz com que “um serviço público essencial continue a ser prestado”, porque, afirma, “o Estado não reconhece estas pessoas”. Ana Luísa Damasceno alertou para a fuga dos jovens para outras atividades.
“Em vias de extinção”
“Por muito que gostem de ser bombeiros, a verdade é que não são remunerados. Estamos assim há muitos anos e caminhamos para uma situação em que os bombeiros voluntários estão em vias de extinção”, alertou.
Dirigindo-se ao secretário de Estado da Proteção Civil, Ana Luísa Damasceno afirmou que está em crer que “é agora, nesta legislatura, que vai começar, que fará acontecer o que temos pedido ao Governo há tanto tempo”. Os bombeiros querem, entre outras coisas, “progressão na carreira, incentivos ao voluntariado e uma reforma condigna”.
“Aqueles que estão sempre na frente são os que estão sempre a ser deixados para trás”, disse João Pedro Castro, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Guimarães e anfitrião do evento. “Há um fosso crescente entre os bombeiros e outras forças”, reforçou Ana Luísa Damasceno. “Queremos uma carreira sólida, não nos basta o reconhecimento simbólico”, acrescentou.
António Nunes fez uma lista com as reivindicações dos bombeiros para o secretário de Estado: aprovação de um estatuto; criação de uma carreira; contratos de trabalho nas associações humanitárias; valorização das equipas de primeira intervenção.
"A palavra voluntários devia sair da nomenclatura dos bombeiros", defende José Ribau Esteves, vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
José Ribau Esteves, vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, defende que "é preciso que o país invista mais na profissionalização total" dos meios de prevenção e combate aos incêndios. "Temos que aumentar a capacidade de os prevenir, temos que aumentar a capacidade de reagir rapidamente às ignições e isso exige presença no terreno para as detectar e reação rápida, seja por meios terrestres, seja por meios aéreos".
Presença essa que, defende, não pode ser maioritariamente voluntária. "A palavra voluntários devia sair da nomenclatura dos bombeiros", defende o vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
"É preciso menos entidades, porque a quantidade de entidades que intervêm neste processo é absolutamente excessiva" defende Ribau Esteves. "Há instituições que não servem para coisíssima nenhuma, a não ser para complicar a gestão da prevenção".
Para o vice-presidente da Associação de Municípios, a prevenção tem de ser o principal alvo do investimento: "o país tem que investir muito mais em prevenção, em ter homens no terreno, sejam bombeiros, sejam militares, sejam outras forças".
A profissionalização dos meios aéreos é também um tópico importante para atuar com "rapidez, com qualidade e com profissionalismo", quer no combate como na vigilância. "O país tem que ter Canadairs, tem que ter meios aéreos ligeiros e pesados para intervir em reação rápida, tem que estar na Força Aérea, numa instituição profissional e não andarmos nisto dos alugueres, dos concursos protestados", acrescenta o vice-presidente.
"Já toda a gente percebeu há muito tempo que a esmagadora maioria dos incêndios em Portugal são atos criminosos" afirma Ribau Esteves, que defende uma reformulação das penas dos incendiários, que "não podem ser leves como são em Portugal e não podem ser prisão", mas sim "uma boa parte das penas seja cumprida no terreno, a limpar, a cuidar das florestas para aumentarmos o efeito dissuasor do crime do fogo posto".

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