Ou Honras a Farda ou Não a Vestes, a Farda Não é Abrigo para Cobardes - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Ou Honras a Farda ou Não a Vestes, a Farda Não é Abrigo para Cobardes

 


A impunidade que existe em tudo o que envolve violência sexual e assédio sexual é revoltante. E este caso mostra isso de forma brutal. Estamos a falar de alguém que já tinha cometido um ato gravíssimo dentro de um quartel e que, porque não houve queixa formal, acabou reintegrado como se nada tivesse acontecido. Aconteceu. Foi visto. Foi conhecido. Houve suspensão. E isso já diz tudo. O facto de não ter existido queixa não apaga a violência. Apenas mostrou que a vítima não teve força, segurança ou apoio para enfrentar um sistema que tantas vezes vira costas.


Como é que alguém com este historial volta a entrar num Corpo de Bombeiros? Como é que alguém que já tinha feito isto dentro de um quartel volta a ter acesso às mesmas instalações, às mesmas pessoas e, pior ainda, ao contacto com vítimas em situações de desespero? Esta pessoa não tem perfil para lidar com vítimas, não tem perfil para chegar perto de pessoas em choque, em pânico, em sofrimento extremo. Não tem perfil para socorrer ninguém. Na verdade, não tem perfil para qualquer trabalho de atendimento ao público. Depois de um ato destes, devia ter sido condenado e afastado para sempre.


E repetiu-se. Outra vítima. Outra que se saiba. Isso chama-se impunidade. E a impunidade nasce quando as instituições preferem proteger a imagem em vez de proteger pessoas.


Mas há algo que tem de ficar muito claro: isto não representa os bombeiros portugueses. Meia dúzia de gatos pingados que envergonham a farda não são, nem nunca serão, a imagem dos homens e das mulheres que levam o voluntariado e o profissionalismo a sério. Não representam aqueles que largam tudo  trabalho, família, descanso para ir salvar pessoas que nem conhecem. Não representam quem entra no fogo, quem faz reanimações na rua, quem segura mãos tremidas às três da manhã, quem chora sozinho no carro depois de um serviço pesado.


Os verdadeiros bombeiros portugueses não podem ser manchados por este tipo de gente. E mais do que a população estar revoltada somos nós, bombeiros, que temos de nos levantar. Quem honra a farda tem de ser o primeiro a exigir respostas, a exigir soluções e, acima de tudo, a exigir a saída de quem a suja. Porque quem usa a farda para envergonhar a instituição não tem lugar dentro dela. Nunca teve. Nunca terá.


E agora é o momento. É altura de quem lidera começar a limpar casas. Porque quando a liderança não limpa, o que apodrece espalha-se. E uma instituição que não se protege por dentro nunca poderá proteger ninguém lá fora.


Ou Honras a Farda ou Não a Vestes, a Farda Não é Abrigo para Cobardes


Ariana Ribeiro

EXCLUSIVO Vida de Bombeiro

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