Diogo Jota, o herói que abdicou das prendas de casamento a favor dos bombeiros de Gondomar - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 13 de julho de 2025

Diogo Jota, o herói que abdicou das prendas de casamento a favor dos bombeiros de Gondomar

 




Avançado do Liverpool enviava chuteiras, fatos de treino e alimentação aos atletas mais necessitados do lar do Paços de Ferreira. Apoiava instituições de defesa dos animais e os bombeiros de Gondomar.


“O Diogo era único!” Interpelada pelo ângulo benemérito do “menino dela”, Teresa Barbosa, antiga cozinheira do lar do Paços de Ferreira, onde o jogador viveu antes de subir os degraus do estrelato, não tem dúvidas e argumenta com gestos simples do dia-a-dia, ao lembrar-se do jogador do Liverpool que perdeu a vida num acidente de viação em Espanha, ao lado do irmão André Silva.


“Foi para Inglaterra e, passados tantos anos, podia ter-se esquecido de tudo o que viveu aqui, mas não, nunca se esqueceu de mim. Convidou-me para o casamento e sentou-me junto dos familiares dele. Houve um episódio que me tocou muito. Estávamos todos à mesa e, quando acabou uma dança, passou por mim, agarrou-me na cabeça, deu-me um beijo e foi sentar-se no lugar dele”, revelou, ao JN. O beijo sela uma relação construída quando era júnior e lutava por sonhos no meio de muitas incertezas. “Ele vivia com dificuldades, quando estava no lar e sabia bem o que era essencial, por isso é que a dimensão humana dele é enorme”, completou Manuel Sousa, na altura olheiro do Paços de Ferreira. “Quando assinou contrato profissional com o Paços de Ferreira puseram um apartamento ao dispor dele, mas o Diogo recusou. Preferiu ficar no lar. Rapidamente passou a ser uma referência dos miúdos que cá estavam, controlava as horas de descanso deles e o que comiam. Ajudou-os muito e passou-lhes muitos exemplos”, garantiu ao JN.


As vivências no lar levaram-no a tomar várias atitudes solidárias. Diogo Jota era conhecido por enviar material para ajudar os jovens. Desde chuteiras, sapatilhas e fatos de treino para os jogadores mais necessitados, o avançado pedia uma listagem a um enfermeiro do Paços de Ferreira, que preferiu manter o anonimato, para perceber as carências. Era normal chegarem essas caixas e até alguma alimentação. “Hoje fico a refletir nos tempos em que ele estava no lar. Acabavam as aulas e ligava-me para o ir buscar. Almoçava e havia sempre quem o tentasse desencaminhar para jogar playstation, mas ele respondia que primeiro estavam os trabalhos de casa e só depois jogava. Chegava à noite dos treinos, mas antes de ir para a mesa deixava a roupa dele no cesto para lavar e, se houvesse roupa para arrumar, a primeira coisa que fazia era arrumar a dele. Os outros deixavam ali a roupa mais de uma semana, ele não, tratava dos pormenores, era organizado. Sabia da vida e queria ser gente”, acrescentou Teresa Barbosa, que distribuía os donativos de Diogo Jota aos miúdos mais necessitados.


No convite de casamento com Rute Cardoso, realizado no dia 22 de junho, Diogo Jota pediu que transformassem as prendas em donativos para os bombeiros de Gondomar ou que contribuíssem para instituições de defesa dos animais. “Não queria prendas, preferia que ajudassem”, confirmou um dos convidados, que preferiu não se expor. “Era um grande defensor dos animais”, assegurou, ao JN, a mesma fonte. “Numa ação organizada pelo Paços de Ferreira, tivemos mais de 200 pessoas à espera de um autógrafo dele. A certa altura pensaram que já não ia dar a todos, mas ele disse que autografava todos e esteve ali horas”, recordou Manuel Sousa sobre o carácter de um ser humano peculiar.


JN

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