Bombeiros sapadores e voluntários andam “à chapada” uns com os outros durante os serviços de socorro às populações. São cenas tristes: ainda esta segunda-feira, em Lisboa, no bairro de Campo de Ourique, um bombeiro voluntário fez um “mata leão” a um chefe do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, porque ambos queriam mandar na operação de socorro.
Bombeiros sapadores e voluntários envolveram-se esta segunda-feira numa “briga” no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa. Em causa estava uma questão de princípio: Quem manda na ocorrência. Sapadores, que são pagos por todos nós, ou voluntários, que também são pagos por nós, através de subsídios atribuídos às associações de Bombeiros Voluntários.
Isto aparentemente é uma questão da lana-caprina (expressão que vem do latim lana caprina. De facto, a lã de cabra é de qualidade inferior à lã de ovelha, o que propiciou a evolução semântica da expressão para «coisa sem importância», «bagatela», «ninharia»), mas pelos vistos não é bem assim, quando o que está em causa é o socorro à população.
Apesar de a missão ser a mesma, nomeadamente a proteção de vidas e bens em perigo, há diferenças entre ser bombeiro voluntário e bombeiro sapador. O primeiro tem uma outra profissão principal e é bombeiro em regime de voluntariado e o segundo tem como profissão ser bombeiro, incumbido de realizar várias acções, que não passam só pelo combate aos fogos. A lei, por acaso nestas situações é clara: quem manda não são os primeiros a chegar à ocorrência, mas sim os bombeiros profissionais, que são os que têm os conhecimentos técnicos.
Na prática, isso não é bem assim e continua-se a assistir a cenas lamentáveis de chapadas entre bombeiros. Tudo por culpa das chefias tanto dos bombeiros profissionais, como dos bombeiros voluntários: não sabem ocupar os seus cargos.
Aliás, esta segunda-feira tudo ficou esclarecido. O comando do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB), o maior corpo de bombeiros profissionais do país, e a Câmara Municipal de Lisboa, nomedamente através do vereador Ângelo Pereira, não se pronunciaram sobre o assunto. Talvez porque ainda não leram o que dizem as leis e os regulamentos em termos de prestação de socorro às populações, nomeadamente sobre quem tem de assumir o controle das operações.
Tudo isto denota o desgoverno que se vive no seio da Protecção Civil, tanto nacional como distrital, regional ou local. Lisboa é o espelho do que se passa a nível nacional. Nem comando do RSB, nem vereador Ângelo Pereira (responsável pelos bombeiros sapadores) tomam “uma atitude” para pôr cobro à guerra latente que existe entre bombeiros.
São vários os avisos que têm vindo a ser feitos. Estruturas sindicais e associativas têm alertado para esta situação de confronto latente entre bombeiros profissionais e voluntários. Contudo, pelos vistos, tanto autarcas como responsáveis da Protecção Civil esperam que o confronto ultrapasse os “simples tabefes” para começar a ser uma “guerra civil” entre instituições.
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