Sábado, 24 de fevereiro, foi um dia triste no Bombarral. Jorge Marques, que pertencia ao corpo de bombeiros daquele município, no distrito de Leiria, morreu a tentar salvar o seu grande amor: o cão Loki. Nas redes sociais, a consternação é geral. Jorge Marques era tido como um bom homem – e os seus familiares e amigos aclamam, por entre as saudades, o seu último ato heroico pelo patudo que tanto amava.
“É com dor e consternação que comunicamos o falecimento do nosso camarada Jorge Marques, bombeiro de 3.ª, recentemente transferido do corpo de Bombeiros Voluntários de Carcavelos e São Domingos de Rana para o nosso corpo de bombeiros”, escreveram os soldados da paz do Bombarral no Facebook.
Numa outra publicação, na página “Diário de um bombeiro”, é dito que “Jorge percorreu vários corpos de bombeiros, entre os quais Oeiras, Estoril, Carcavelos e agora recentemente o corpo de bombeiros do Bombarral” e é explicado o que sucedeu: “Jorge, que nunca virou costas ao perigo, morreu hoje ao tentar salvar o seu grande amor, o seu cão”.
Ao que se sabe, o seu patudo terá aparecido preso a uma corrente e Jorge tentou libertá-o, mas sem sucesso. “Sofreu um choque elétrico através da corrente onde estava preso o cão. Foi soltá-lo, porque o cão estava a ganir, e ficaram-se os dois”, lê-se num comentário a um dos posts sobre este infeliz acontecimento.
Celeste Giga, tia de Jorge, estava inconformada. Na sua página de Facebook, numa publicação com a foto do sobrinho e de Loki, escreveu: “Gostavas tanto do teu cão que morreste a tentar salvá-lo”. Num outro comentário, Celeste reiterou: “Morreu a ajudar o fiel companheiro que ele tanto gostava”.
O bombeiro que amava animais
No perfil de Jorge Marques são abundantes as fotos do seu Loki, que o bombeiro tinha adotado em bebé e que faria três anos em julho. Jorge também adorava o seu gato Beny, que fica agora sem o tutor tão carinhoso.
“O meu menino Loki hoje está de parabéns. Faz dois aninhos de vida. Ele está muito bonito e muito grande. A melhor coisa que eu tenho é ter o Loki na minha vida. É minha companhia”, dizia Jorge com orgulho a 29 de julho do ano passado.
No passado dia 28 de janeiro, num dos seus últimos posts, Jorge Marques mostrava-se feliz. “O meu dia de hoje foi divertir-me com os meus meninos Beny e Loki, e jogar à petanca, um jogo francês, na sociedade recreativa de São Mamede Bombarral”, escreveu, com um emoji “a sentir-se fixe”.
As homenagens a Jorge vão-se sucedendo. “Meu querido amigo Jorge Marques, quem é que me vai pagar cafés nos incêndios florestais? Amigo, tu tens o coração mais puro que vi no mundo dos bombeiros, fazias os que fazias com tanto amor. Eras um guerreiro. Nunca mais me esqueço de uma ocorrência, tínhamos que puxar mangueira e vim eu e a mangueira – eras uma força nunca vista. Descansa em paz. Olha por nós, amigo e guerreiro de farda”, escreveu Carlos Balegas.
Também Filipe Costa lhe deixou palavras sentidas. “Companheiro, lado a lado em Pedrógão passámos dos momentos mais difíceis que alguém pode imaginar ter passado. Nunca hesitaste um segundo que fosse. O céu ganhou não um bombeiro, mas um mega Bombeiro”.
“Muito poderia falar sobre ti, sobre nós e sobre a nossa amizade. Companheiro de luta, verdadeiro amigo, transparência e um verdadeiro sem medos. A tua partida, chocou-me…. é impossível acreditar que tenhas partido…. Mas… partiste a tentar salvar uma vida… e foi isso que te definiu toda a vida! Sempre em prol das vidas dos próximos, um Senhor ‘sem medos’, independentemente do risco que corresses… Descansa em paz meu irmão”, lamentou Hugo Silva.
Percorra a galeria e testemunhe a ligação e amor de Jorge Marques pelo seu cão Loki e pelo seu gato Beny.
Sem comentários:
Enviar um comentário