Hoje desculpem a quebra no tema, mas a LBP anda tão caladinha que até conseguiu não fazer asneiras que cheguem para merecer ser comentado. (Se calhar é porque os seus integrantes estão entretidos a ganhar uns trocos com os CPO, GRIF, etc).
No entretanto, têm chegado aqui alguns pedidos para falar num problema gravíssimo que de há uns anos a esta parte, parece ser uma "hemorragia" (perdoem-me a linguagem EPH) nas nossas casas (mais conhecidas como AHBV).
Falo obviamente da "fuga" de Assalariados e da enorme dificuldade em cativar para os quadros de funcionários das AHBV, os ditos Bombeiros ou até Estagiários (porque estes últimos podem integrar a função de Assalariado enquanto a frequentar a Formação Inicial de Bombeiro) que estão a levar a uma imensidão de publicações das ditas AHBV de concursos para admissão de novos Assalariados, ou até para as recém-criadas EIP.
Todos os dias se percorre as redes sociais de Bombeiros e é o que se vê.
Mas isto tem razões óbvias, que apenas quem não quer é que não vê: o vínculo laboral com as AHBV, é tudo menos cativante. Senão vejamos:
- O Assalariado é um Bombeiro, que não tem isenção de horas no RNBP (sejam de formação ou piquete) e que mal acabe o turno, é mais um Voluntário como qualquer outro contudo, este tem um horário extremamente flexível, fruto das esperas nos hospitais, e a conhecida problemática das deslocações em trabalho às clínicas e etc;
- Os salários das AHBV, em média, são inferiores a uma unidade fabril ou um comércio ou como muito, semelhantes. Mas se juntarmos a isto a circunstância acima, a dos horários, fica mais aliciante fazer 8 horas num turno de produção e sair com o salário no bolso, que fazer 4 ou 5 horas a mais numa espera em qualquer clínica e não saber quando ou como vai ser ressarcido desse valor (já vou explicar abaixo);
- As AHBV, fruto de um histórico de carências graves de financiamentos (seja da LBP, seja do Governo ou até da União Europeia), andam constantemente de trocos contados e com contas justas, que não os permite muitas vezes cativar a nível contratual os seus Assalariados que acabam por sair em busca de melhores condições laborais, nem premiar devidamente os que mais fazem em prol desta. Reparem, a culpa NÃO É SÓ DA AHBV. Mas a verdade é que a mudança tem que começar por algum lado.
- (esta vai doer) A legislação laboral atual NÃO COINCIDE com o trabalho de um Assalariado Bombeiro. Porquê, perguntam vocês? Simples, porque a idade da reforma atual é de 66 ANOS (e uns meses) mas o Bombeiro só pode servir a AHBV enquanto Bombeiro, até aos 65 ANOS. E um Assalariado TEM QUE SER Bombeiro daquela AHBV. Curioso não é? É quase como saber quando vai acabar o contrato e não haver nada a fazer. E o último ano e meio? O Bombeiro vive de quê? Ar e vento? Sonhos e esperanças?
E aqui chegamos aos nossos dias. É urgente como nunca criar, junto das entidades competentes (ANEPC, MAI, LBP, etc) linhas de financiamento, apoios, regalias, e mais importante, MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO LABORAL, para que Ser Bombeiro Assalariado volte a ser uma profissão de respeito, de valor, e que cative, sobretudo. Mas isto não são os Bombeiros a ter que fazer.
Isto, queiram ou não, parte das AHBV, em específico das Direcções, chegar junto das Federações, que por sua vez devem fazer pressão na LBP, ANEPC, MAI, etc para que isto seja uma realidade e ... para ontem.
Senão meus amigos, tenho o grave receio que será o fim das estruturas das AHBV como as conhecemos ou pior, o fecho de muitas AHBV e como consequência, o pôr em risco as Populações.
E depois, não vai haver ninguém para...
TOCAR A SIRENE!
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