Há vários anos, principalmente sobre a alçada do atual primeiro ministro, ainda no tempo que era ministro da administração interna, os Bombeiros sempre foram o refugo da proteção civil na sua estratégia. Sempre que teve oportunidade colocou os Bombeiros para um segundo plano e a atual governação na qualidade de líder do governo só o veio provar.
No pós 2017 não se poupou de passar as responsabilidades e consequências do abandono florestal e da falta de planeamento, principalmente ao nível municipal, para cima dos combatentes. Criou a majestosa (mas entretanto adormecida) AGIF, criou mais uns cargos de Comandantes de Sapadores de Bombeiros Florestais e sei lá mais o que.
Nos últimos 4 anos não houve um conjunto de EPI florestal que tenha vindo desta governação, durante a pandemia e perante as evidências criou uma esmola chamada equipas especializadas de COVID que ainda hoje continuam a ser um cheque em branco assinado por presidentes de direção e comandantes.
Durante toda esta pandemia os equipamentos de proteção que chegaram são só uma anedota, o INEM e o ministério da saúde atiraram o seu parceiro para cima dos mesmos do costume, abraçando a ANEPC uma competência de fornecimento de EPI em competição com um ministério que não os tutela.
A proteção civil abraçou a resposta a um problema de saúde pública sendo como de costume o seu braço armado os Bombeiros Portugueses.
A 27 de dezembro Portugal começou por vacinar quem tinha que ser vacinado, rapidamente se juntou o INEM, debaixo da alçada do ministério da saúde, sendo vacinados todos e mais além (tal como as notícias nos deixam a saber).
Passaram 42 dias, vacinados pasteleiros, seguranças, pessoal da limpeza, padres, responsáveis associativos de ERPI, etc os do costume, que estão sempre disponíveis quando o país ameaça colapsar, ficaram para trás.
Amanhã é apenas mais um dia, ainda não sabemos quando começa com certeza a vacinação dos Bombeiros Portugueses.
No entanto durante todo este período Portugal vacinou com as sobras já alguns (e bem!) não sendo infelizmente o caso de nenhum dos meus.
Atribuíram vacinas apenas para metade (50%) dos corpos de Bombeiros deixando os líderes numa escolha injusta de quem avança ou não avança.
Os outros 50% ficam agora num limbo sem espaço temporal, onde eu me inclui, por solidariedade a esses mesmos Bombeiros, sabendo de antemão que daqui a menos de três meses já estaremos na linha da frente de outra batalha, os incêndios florestais, com os mesmos equipamentos que tínhamos há cinco anos atrás, alguns que segundo a sua ficha de fabricante só são seguros até 40 lavagens (agora pensem!).
A somar a isto dividimos ainda mais os profissionais das associações humanitárias dos municipais, mantemos funcionários pagos integralmente por dinheiros públicos sem vínculo público, entre outras muitas coisas que a pandemia supostamente justifica deixar para segundo plano.
Sou representado por uma Liga apagada, que ainda não teve a decência de se afastar antes do fim do mandato, por inércia.
Todavia o que o meu/nosso governo se agarra para que tudo isto não falhe é que o nosso compromisso é com as populações, e a essas nunca iremos falhar, e talvez por isso se brinque e se goze tanto com a decência de quem faz da vida de Bombeiro uma escolha.
Vejo as eleições da Liga de Bombeiros Portugueses no horizonte, candidatos a alinhar-se, e neles a responsabilidade de uma vez por todas inverter esta vergonhosa tendência, agarrando na opinião das bases, nas necessidades de quem põe as botas no terreno para de uma vez por todas se representar esta classe com a qualidade que ela merece.
Entretanto o cidadão que fique tranquilo, eles estão revoltados pelo abandono de sucessivos governos mas não vão falhar consigo! É pelo cidadão que cá continuamos.
Ricardo Correia
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