Corporações dos bombeiros da região advertem para impacto financeiro da Covid-19 - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Corporações dos bombeiros da região advertem para impacto financeiro da Covid-19


São vários os agentes e atores ligados às corporações dos bombeiros da região  que estão preocupados  com os impactos financeiros, a quebra de receitas e o aumento das despesas resultantes da crise sanitária Covid-19 que está a atingir a região e o país.

Ao Novum Canal, o presidente dos Bombeiros de Entre-os-Rios, José Pinheiro, realçou que a corporação registou uma descida acentuada nos transportes de doentes não urgentes, com impactos significativos nas receitas da instituição. 

O responsável pela direção dos Bombeiros de Entre-os-Rios destacou, também, que além do transporte de doentes não urgentes, nos últimos meses, verificou-se uma descida acentuada nos transportes para as urgências do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Hospital Padre Américo em Penafiel.

“Verifico que as pessoas estão ainda receosas  e algo apreensivas com a crise sanitária e tudo isso fez  com que evitassem fazer deslocações ao hospital”, disse.

Questionado sobre a injeção de capital anunciada pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, medidas de apoio financeiro para ajudar os bombeiros a ultrapassarem esta fase difícil que está também a atingir as corporações, de 6,5 milhões de euros, José Pinheiro assumiu que é bem-vinda, mas as associações estão algo expectantes para tentarem perceber o que é que vai acontecer.

“Tenho algumas dúvidas que esse dinheiro vá chegar, mas teremos de aguardar para ver o que se vai passar”, avançou.

Já quanto à época de incêndios, o presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Entre-os-Rios admitiu que será uma época difícil, atendendo às previsões meteorológicas e ao tempo quente que se tem feito sentir.

“Antevemos uma época de fogos florestais complexa até pelo tempo quente que se tem feito sentir. Iremos dispor de uma Equipa de Combate a Incêndios (ECIN) composta por um veículo de combate (adaptado à sua área de atuação) e cinco elementos, mas espero que ainda este mês nos possa ser atribuída  mais uma equipa”, expressou, frisando que a corporação tem uma área de intervenção bastante significativa, sendo que Canelas, pela sua extensão e mancha florestal, é a freguesia que mais concita e concentra a atenção dos bombeiros, nesta altura do ano.

“Injeção de capital prometida pelo Governo não passa de um adiantamento do subsídio anual que é devido às corporações”

Também o presidente  da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lousada, Antero Correria reconheceu que a Covid-19 está a ter repercussões significativas não apenas nos transportes de doentes não doentes, que diminuíram substancialmente , mas também nas receitas da corporação.

“Os impactos são significativos e com a crise sanitária as receitas caíram significativamente”, atalhou, sublinhando que a injeção de capital prometida pelo Governo não passa de um adiantamento do subsídio anual que é devido às corporações.

“Estamos a falar de uma verba, do adiantamento de um subsídio anual que as corporações tinham a receber. Esperava-se e que o Governo conferisse outro apoio que viesse reforçar o financiamento das associações”, manifestou.

Já quanto à época de incêndios florestais, Antero Correia admitiu que este será um Verão quente, mas aconselhou prudência.

“Não sabemos o que nos aguarda. O tempo foi propício ao desenvolvimento de matas e sujidades na floresta. Espero que as coisas não sejam tão graves como se poderá antever”, confessou, declarando que os Bombeiros de Lousada para atacar a época de incêndios florestais vão dispor de duas equipa ECIN, mais uma Equipa Logística de Apoio ao Combate (ELAC)  e numa fase posterior de outra equipa.

Quanto às limpezas dos terrenos, o responsável pela corporação de Lousada esclareceu  que a autarquia local procedeu à limpeza dos acessos e dos caminhos.

“Quanto aos proprietários dos terrenos, espero que tenham igualmente cumprido com a legislação”, afirmou.

“A situação de constrangimentos financeiros é grande para todas as corporações”

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Paredes, José Morais, mostrou-se igualmente preocupado com os impactos que a crise sanitária está a provocar na corporação.

Falando nos transportes de doentes não urgentes e urgentes, o responsável pelo corpo ativo confirmou que a quebra atingiu os 52% ,tendo registado uma descida na ordem dos 80% se contabilizarmos apenas o transporte de doentes não urgentes.

José Morais recordou que, nesta fase, a corporação tem-se limitado a prestar aquilo que são os níveis normais de serviço, isto é, o transporte de doentes hemodialisados e doentes oncológicos.

“Nas consultas de fisioterapia, as idas aos hospitais verificamos uma redução substancial”, acrescentou, salientando que apesar da redução verificada, as atividades dos bombeiros nem o seu vencimento perigaram, cabendo, no entanto, à associação fazer face com recursos próprios.

Já quanto ao pacote de medidas e à injeção de capital anunciada pelo governo de 6,5 milhões de euros para distribuir pelas corporações com maiores debilidades financeiras, José Morais adiantou que a verba anunciada pelo Ministro da Administração Interna de pouco vale às associações.

O responsável pelo corpo ativo lembrou que a verbas anunciadas e que vão ser distribuídas pelas corporações que registaram quebras de faturação de 40%, não são a fundo perdido e terão de ser reembolsadas num curto espaço de tempo.

Além do apoio implicar o reembolso, ao Novum Canal, José Morais revelou, também, que as associações viram afetada significativamente as suas receitas e tiveram um aumento das despesas considerável, nomeadamente na aquisição de equipamento de proteção individual nesta fase da crise sanitária.

“A corporação de Paredes teve de realizar um investimento de cerca de seis mil euros na aquisição de equipamento de proteção individual, equipamentos de limpeza e desinfeção. A situação de constrangimentos financeiros é grande para todas as corporações”, asseverou, lembrado que aproxima-se a época de incêndios florestais e associada à questão da Covid-19 os bombeiros que vão estar na linha da frente no combate aos incêndios verão os riscos acrescidos, não só pelas ignições, mas também devido à crise sanitária.

“Estamos a falar de equipamentos avultados que têm de estar disponíveis para todos os bombeiros que vão combater os fogos florestais. Nesta fase terá que existir um reforço da higienização, na limpeza das casas de banho, na desinfeção dos veículos, tivemos que readaptar a base de apoio logístico, que se encontra instalada nos Bombeiros de Paredes, criando circuitos independentes, readaptação e espaçamento entre as camas de forma a cumprir com as indicações das autoridades e tudo isto tem custos significativos para a associação que não consegue ressarcir esses mesmos custos”, anuiu, relevando, apesar de tudo, o trabalho que os soldados da paz têm feito nesta fase da crise sanitária quer no apoio à população quer na tomada de medidas que salvaguardem a segurança e saúde pública dos utentes e dos próprios bombeiros.

“Mais importante que todas as questões económicas é o facto de não termos nenhum bombeiro infetado e termos cumprido cabalmente com o nosso plano de contingência e todas as diretrizes das autoridades”, atalhou.

Ainda sobre a época de incêndios florestais, José Morais, tal como os demais colegas, admitiu que é expectável que o Verão seja uma época difícil, com tempo seco, ondas de calor que irão provocar uma maior número de incêndios.

“Mas isso vale o que vale. A preparação dos bombeiros tem de ser efetiva”, declarou, esclarecendo que os Bombeiros de Paredes vão ter no terreno, durante esta fase, duas equipas de intervenção permanente e uma equipa ECIN.

Quanto à limpeza dos terrenos, José Morais afirmou que esta não está a acontecer.

“A questão da pandemia veio atrasar tudo. Não houve pessoas para limpar, a que acresce a questão financeira que é elevada neste tipo de trabalhos”, assumiu, confirmando que relativamente a anos anteriores a limpeza dos terrenos afrouxou o que poderá ser um revês para os bombeiros.

“Numa situação destas, a progressão dos incêndios será mais ativa”, considerou.

Fonte: Novum Canal

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