Bombeiros "Pagam" ao INEM para fazer Emergência - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 26 de maio de 2020

Bombeiros "Pagam" ao INEM para fazer Emergência


Eu pensei muito antes de escrever este texto não por medo de represálias (pfv se não concordarem não me venham entupir a caixa de mensagens  que isso só me faz falar mais!)

Agora falando a sério  o texto pode ser facilmente mal interpretado  por quem tem talas nos olhos , ou porque quem não conhece a nossa realidade ou também temos os sonhadores que acham que está tudo  bem.

Eu confesso que fico sempre  um pouco céptica quando me deparo com uma notícia dentro deste género "medidas de apoio à corporações" "medidas de combate a incêndios" etc.. Basicamente quando se trata de um título de "medidas"  começa logo a dar-me uma urticaria  a imaginar qual foi a última que eles se lembraram lá do poleiro.

Isto porque  tudo o que envolve generalizar  corporações é o mesmo que combinar um jantar de amigos escolher a comida, generalizar e não deixar opção para os vegans, vegetarianos  ou simplesmente  aqueles que acordaram do lado errado da cama e não lhes apetece  carne nesse dia,  ah, não vamos esquecer que também temos a malta alérgica! 

Com isto quero dizer que se nem num jantar podemos generalizar a comida vamos generalizar uma medida? Ou várias??

Agora que já vos abri o apetite vamos voltar a coisas sérias, podem ir buscar umas bolachas  quanto fica a matutar o resto do texto ou uma mini, fica ao vosso critério desde que não estejam de serviço!

As discrepâncias entre corporações  sempre existiram e são cada vez mais evidentes   para quem cá anda, não é difícil sabermos que a realidade que vivemos no nosso cb é completamente diferente da realidade do cb do lado, algumas vezes  para melhor outras para pior,  seja por convivência com colegas seja por motivos de transferência muitos de nós já sentiram  na pele essas diferenças, essas discrepâncias, vão desde instalações, material  disponível para socorro,  fardamento, epi em "especial"(caso do covid) veículos, e até de pessoal activo .

Todos os dias somos invadidos por histórias de corporações que fazem das tripas coração para manter as suas portas abertas para não falharem com os seus, mesmo que isso por vezes comprometa a sua segurança.

A  farda é a mesma mas as condições não são as mesmas então  as mesmas medidas para todos? 
Para quê generalizar quando não existe uniformidade nas corporações? 

Querem generalizar  comecem por generalizar as condições em que servimos  comecem por nos colocar em pé de igualdade de norte a sul do país, comecem a ter amor às populações que servimos e não deixar tudo nas costas das corporações, dia para dia é notório que continuamos nós mais preocupados com o socorro e a forma como o fazemos do que quem está  na bancada a "implementar", no papel é tudo muito bonito na prática pouco ou nada se verifica.

Ora veremos nos últimos 3/4 meses tem sido feitos transportes de doentes Covid-19 metade das corporações já manifestou estar a passar por dificuldades desde o início da pandemia para se irem mantendo, se fizermos bem as contas e não é necessário ser um génio, um transporte de um doente seja positivo ou não tem tido um custo elevado que não chega a ser coberto pelo valor irrisório que é pago à corporação pelo transporte, o preço do serviço mantém-se o mesmo mas a despesa com mesmo triplicou ou quadruplicou (deixo essa conta ao vosso critério)  epi para dois elementos, combustível para ABSC, material de desinfestação para o final do serviço, é impressão minha ou as corporações quase que pagam ao INEM para  fazer emergência?? Parece um pouco ridículo e preocupante.. 

E as corporações que se iam mantendo com os transportes de doentes  para tratamentos. Que durante um longo período se viram obrigados a parar? Alguém pensou como se vai aguentar? 

Está semana saiu uma instrução operacional para quem vai integrar o DECIR2020 é supostamente um documento que materializa um conjunto de medidas que vão desde a proteção, há higienização, alimentação entre outros pontos agora a pergunta que não me quer calar "quem o escreveu  teve em consideração as discrepâncias entre corporações? 

Ou e mais um generalizar que vai ter como resultado" faz quem pode quem não pode sacode e aguenta o barco como conseguir ". 

Ah esperem, vamos ganhar mais 4 euros por 24h isto deve chegar para nos calar, ou então com jeitinho tiramos esses 4 euros entregamos ao comando e com sorte eles vão ter  mais fundo de maneio para ir aguento o barco. 

Não somos coitadinhos vestimos a farda com orgulho e amor  sejamos profissionais ou voluntários, mas até quando vamos ser os únicos realmente preocupados com o socorro e o servido à população? 

Até quando iremos continuar a receber medidas de quem não conhece a realidade? "manda quem pode, obedece quem deve" é um facto mas se é para mandar, mandem em condições se for para obedecer dêem condições. 

Parece difícil? Não é, basta que saiam  dos gabinetes visitem cbs oiçam comandos oiçam bombeiros, e depois sim talvez tenham bases para implementar o que quer que seja, uma casa é construída pela base não pelo telhado não queiram construir o que não queiram construir o que quer que seja se não conhecerem a vossa base. 

PS: Agora podem  imaginar todo um desenho fofito de um arco-íris de mangueiras com o belo slogan "vai ficar tudo bem"  mas pensem que o bem é muito vago e que é a base que vos sustenta que o vai mantendo.

Ariana Ribeiro

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