"Gostava de Dizer Que Vai Ficar tudo Bem, Mas Não Posso" - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 22 de março de 2020

"Gostava de Dizer Que Vai Ficar tudo Bem, Mas Não Posso"


A Margarida tem 6 anos e é mais uma no meio de tantos meninos e meninas que está "fechada em casa", que se desengane um adulto acha que sofre, e ao fim de um par de dias já está a dizer que está a enlouquecer e  dá uma saidinha para ir "só li ao café" ou para passear o cão que não sofre de incontinência mas já foi à  rua pela sétima vez dando ao dono a oportunidade de por a conversa em dia com  os vizinhos lá do prédio. 

Que se desengane quem acha que  eles não entendem o que se passa e pensam simplesmente que são "férias dentro e casa".

Que se desengane quem acha que os filhos de todos os que dão o corpo as balas sejam eles médicos, auxiliares de saúde, trabalhadores de hipermercados, assistentes sociais, bombeiros entre outros não sofre, porque sofrem, mas ao contrário de nós adultos  eles não são difíceis nós e que estamos saturados, cansados e acima de tudo assustados. 

Já  se devem ter dado conta que os dias  parecem iguais, que não  existe grande distinção entre uma terça-feira e um domingo, tal como devem ter dado conta que não existem só idiotas no nosso país que se transformaram em completos alarvos  na corrida aos supermercados, somos invadidos de notícias quase 24 horas por dia, e no meio do caos e da incerteza sobre os próximos dias tem aparecido grandes actos de generosidade, amor o próximo, companheirismo e é nisso que nos temos de agarrar, é nisso e nas crianças que temos dentro de casa que por dentro já estão com saudades da escola, daquele professor "fixe" dos colegas e dos intervalos onde eram livres.

Não adianta palmas na janela, se depois forem dar uma "saidinha" não adianta mensagens nas redes sociais a homenagear o trabalho de quem está na primeira linha se depois não respeitam esse trabalho.

O estado de emergência está a ser posto em prática mas todos nos sabemos que as ruas não estão todas a ser patrulhadas, o estado de emergência permite saídas mas não usem e abusem das mesmas, não vão para a farmácia comprar 20 frascos de álcool e 4 pacotes de máscaras esquecendo a pessoa que está atrás de vocês na fila que pode ser de um grupo de risco, não tenham este tipo de atitudes e depois batam palmas na janela ou publiquem coisas "fofas" na Internet a apoiar profissionais para  aliviarem a consciência de quem está a dar no duro na minha da frente.

Nem o pessoal médico pode resolver  isto sozinho nem o estado de e emergência e a quarentena  por si só será uma solução, a primeira linha somos TODOS NÓS, desde os pais que em casa têm de arranjar mil formas  de se reinventarem  para ensinar, amar e proteger os filhos tentando tornar este tempo o mais leve possível para eles,  ao vizinho que pode fazer as compras dos mais idosos do prédio evitando que saiam 5 à rua quando pode ir apenas um, não se esqueçam daquele amigo ou familiar que tem problemas de ansiedade se têm ou conhecem alguém assim liguem, façam video-chamada puxem assunto, não sair de casa não nos impede de ajudar o próximo de cuidar do próximo, de pensar no próximo.

Vai ficar tudo bem! Quando? Não sabemos mas para isso é necessário que cada um de nós faça a sua parte, a protecção civil SOMOS TODOS NÓS!

Ariana Ribeiro

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