Álcool, atestados falsos e pagamentos ilegais fazem dos Bombeiros de Coruche um caso de polícia - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 5 de março de 2020

Álcool, atestados falsos e pagamentos ilegais fazem dos Bombeiros de Coruche um caso de polícia


O ambiente nos Bombeiros Municipais de Coruche parece o de um incêndio descontrolado com várias frentes.

Os Bombeiros Municipais de Coruche estão a ser uma dor de cabeça para a câmara, que teve como episódio mais recente buscas da Polícia Judiciária (PJ) no quartel e no município por causa de pagamentos ilegais a voluntários. Antes surgiu o caso de um bombeiro que entregou justificações falsas para faltar aos serviços. Mas o ambiente conturbado começou há cerca de dois meses com um rocambolesco caso de uma armadilha montada com a conivência da GNR para apanhar um bombeiro com álcool ao volante, permitindo que este ainda conduzisse dois quilómetros até ser detido.

As buscas da PJ decorreram no dia 20 de Fevereiro e os inspectores levaram deliberações da câmara, actas e orçamentos bem como documentos relacionados com a Associação dos Amigos do Ambiente, da Protecção Civil e Socorro - uma entidade criada para a câmara fazer passar, através de subsídios, cerca de 100 mil euros anuais para pagar horas de bombeiros voluntários. A prática foi questionada pelo Tribunal de Contas e originou a investigação da Judiciária. A forma de pagar aos bombeiros através de subsídios à associação durou dez anos, tendo cessado em Setembro de 2019.

O ambiente no quartel já se tinha incendiado com as suspeitas de que um bombeiro, que está a ser alvo de um inquérito, usou justificações falsas da presença em consultas médicas em vários centros de saúde. O município já recebeu a indicação do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria de que a pessoa em causa não esteve nas consultas, aguardando-se agora pela conclusão do processo.

Sobre os pagamentos ilegais o coordenador municipal da protecção civil e comandante dos bombeiros, Luís Fonseca, não presta declarações. Mas o presidente da câmara confirma a situação e diz que pediu esclarecimentos ao Governo sobre a forma de pagar horas de serviço aos bombeiros não profissionais, aguardando ainda resposta.

Francisco Oliveira refere a O MIRANTE que encara a investigação com tranquilidade, explicando que esta questão se coloca apenas nos bombeiros municipais mistos, com profissionais e voluntários, já que nos concelhos com associações humanitárias a atribuição de subsídios não é questionada. Acrescenta que em 2009 o protocolo com a associação tinha tido um parecer positivo da Inspecção-geral da Administração Local.

O processo disciplinar do bombeiro apanhado com álcool ainda decorre, com o operacional a acusar o comandante de estar por trás do esquema, já que não é normal a GNR mandar parar uma ambulância em marcha de urgência. O caso tem contornos estranhos com duas chamadas falsas. A primeira que mandou uma ambulância para um dos locais mais distante do concelho e a outra que mandou o bombeiro em causa para um acidente, que alegadamente não existiu. Além disso, faltava um elemento para completar a tripulação da ambulância e este teve de ir buscar um colega a casa, que não quis agarrar no volante.

Samuel Loureiro, com dez anos de serviço na corporação, já tinha contado a O MIRANTE que era muito raro conduzir e que na noite de 29 de Dezembro de 2019 teve de o fazer por ser o único no quartel, além de quem estava na central de comunicações. Andou cerca de dois quilómetros com 1,70 gramas de álcool por litro de sangue, até ser mandado parar às 02h30 por uma patrulha da GNR colocada na primeira ponte sobre o rio Sorraia. O comandante não fala sobre o assunto, justificando-se com o facto de ainda decorrer o inquérito.

Fonte: O Mirante

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