Estudo confirma ligação entre incêndios e ondas de calor - VIDA DE BOMBEIRO

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Estudo confirma ligação entre incêndios e ondas de calor


Em Portugal, 97% dos grandes incêndios estiveram ativos durante uma onda de calor, mostra estudo da Universidade de Trás os Montes, apresentado durante o Encontro Nacional sobre Investigação em Alterações Climáticas.

A relação entre incêndios e tempo quente não é novidade. É até bastante óbvia. Mas o peso desta relação perigosa não tinha ainda sido quantificado para Portugal. Um estudo coordenado por Mário Pereira, professor da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, veio agora mostrar, de forma clara, que há uma coincidência quase total entre as ondas de calor e os grandes incêndios. A chuva, ou a falta dela, nos meses anteriores também são um fator muito importante nesta equação.

“O que vimos com este trabalho foi que as ondas de calor e as secas, no período que antecedeu o incêndio, são muito importantes na questão dos fogos”, sublinha o professor e investigador que apresentou os resultados no Encontro Nacional sobre Investigação em Alterações Climáticas, promovido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no âmbito da Lisboa Capital Verde Europeia 2020.

No trabalho, em que foram estudadas as características das ondas de calor no período entre 1981 e 2010 e as secas de 1981 a 2018, verificou-se que, por um lado, 85% dos incêndios ocorrem em regiões em seca e, por outro, 97% dos grandes incêndios estão ativos durante ondas de calor.

Esta informação, complementada com os modelos de previsão meteorológica, praticamente permite ‘adivinhar’ que regiões do País estão em maior risco de arder, devendo servir de base ao planeamento do combate aos fogos, defende o investigador, especialista em clima. “Se monitorizarmos a seca e usando os modelos de previsão meteorológica conseguimos antecipar quando e onde vai ocorrer um incêndio. Isto pode permitir uma melhor gestão dos recursos”, sublinha.

A pertinência desta prevenção baseada na previsão torna-se ainda maior se tivermos em conta que em Portugal 10% dos incêndios são responsáveis por 90% da área ardida. Ou seja, basta evitar os maiores fogos para conseguir um impacto enorme.

“Usar o fogo faz parte da forma como usamos a terra – nas culturas, no controle de pragas, na caça – e isto é difícil de mudar. É por isso que quase 100% dos incêndios têm como origem causas humanas, acidentais, por negligência ou intencionais”, nota Mário Pereira. Mas isto não quer dizer que não seja possível fazer mais pela prevenção dos mesmos.

Porventura mais difícil de resolver será a questão do desordenamento do território. Numa estimativa referida na sessão de abertura pelo vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, “metade do edificado está em locais em que não devia estar.”

Fonte: Visão

Sem comentários:

Enviar um comentário