Pensar os bombeiros - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Pensar os bombeiros


É chegado o momento dos Bombeiros e de as suas estruturas afirmarem o caráter insubstituível da sua participação ativa na construção do seu futuro, tanto junto do poder político, como junto da população que os estima e respeita.

Desde há muitos anos que se discute a instituição Bombeiros em Portugal, uma discussão feita com uma forte carga emotiva, impulsionada por sucessivos movimentos de critica, dirigida tanto aos homens e mulheres que exercem esta função/profissão, como às suas instituições representativas.

De um lado desta discussão estão interesses, uns explícitos e outros implícitos, que vêm nos Bombeiros um forte obstáculo às suas aspirações, de diversificado tipo. Do outro lado, estão os próprios bombeiros e as suas estruturas, com particular destaque para a Liga dos Bombeiros Portugueses, sempre na primeira linha de defesa dos cidadãos que, nos corpos de bombeiros de qualquer natureza, servem as populações em todo o território nacional.

Nesta disputa há uma outra entidade que não tem sabido (ou não tem querido) assumir as suas responsabilidades, ou seja, os sucessivos Governos.

Incapazes de definirem uma estratégia consistente e duradoura para o sistema de proteção civil em geral e, por consequência, para o agente estruturante do mesmo (os corpos de bombeiros), os Governos e, neles, os governantes com responsabilidades especificas neste domínio da governação, têm-se limitado a alterar legislação, a atualizar (pouco) subsídios, a fazer ensaios de natureza estrutural no serviço de tutela e a anunciar autos de fé nos Bombeiros.

Neste momento parece haver muita gente interessada em definir o futuro dos Bombeiros Portugueses. Os instrumentos de política conhecidos, assumem-no.

Entretanto as soluções propostas parecem apontar para uma espécie de refundação dos Bombeiros enquanto agente da estrutura nacional de socorro, partilhando responsabilidades com outras forças (cada vez em maior número) e remetendo os Bombeiros para um papel de agente meramente local, com a capacidade de resposta possível.

A esta operação em curso, silenciosa e paulatina, do tipo «lobo vestido com pele de cordeiro», é preciso contrapor uma resistência ativa e qualificada, desejavelmente liderada pela Liga dos Bombeiros Portugueses e pelos seus dirigentes. Neste momento, é dispensável discutir divergências de programa ou de método. O que verdadeiramente importa é juntar energias e forças, para de imediato construir-se uma estratégia construtiva, que conduza à missão urgente de definir os bombeiros que os portugueses desejam e precisam.

Não há qualquer dúvida que em todo este processo é preciso incorporar conhecimento e mobilizar todos aqueles que podem contribuir com o produto da sua reflexão.

As estruturas dos Bombeiros Portugueses possuem bastante massa critica disponível para participar na construção do edifício estrutural e formativo desta indispensável instituição do sistema português de proteção civil, embora haja muitos iluminados, fora desta estrutura, que gostam de reclamar para si o monopólio do saber e da competência técnica e cientifica. Para estes «cientistas» as medidas que propõem são as únicas possíveis, porque são as que lhes convêm, utilizando assim o conhecimento como argumento para alicerçar as suas conceções maioritariamente interesseiras.

É chegado o momento dos Bombeiros e de as suas estruturas afirmarem o caráter insubstituível da sua participação ativa na construção do seu futuro, tanto junto do poder político, como junto da população que os estima e respeita.

Para este caderno de encargos considero determinante a liderança da Liga dos Bombeiros Portugueses, porque é nela que reside o corpo e a substância identitária da instituição Bombeiros em Portugal.

Talvez não haja mais tempo a perder. Sem a resignação que os tempos de evolução desaconselham, mas também sem a fobia de soluções travestidas de modernismo, é necessário pensar os Bombeiros de modo sério e sustentado.

Duarte Caldeira

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