Bruxelas Lamenta Falta de Apoio a Portugal Contra Fogos de 2017 - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 9 de julho de 2019

Bruxelas Lamenta Falta de Apoio a Portugal Contra Fogos de 2017


A União Europeia lamentou não ter conseguido prestar qualquer apoio a Portugal contra os incêndios de outubro de 2017, quando Lisboa apelou desesperadamente por ajuda. O comissário Europeu da Proteção Civil garante que foi "doloroso" ouvir tantos nãos de vários Estados-membros perante tal tragédia.

"Uma das situações mais dolorosas da minha vida foi não ter resposta para Portugal", admitiu, esta segunda-feira à noite, em Madrid, o comissário Europeu da Ajuda Humanitária, Gestão de Crises e Proteção Civil, Christos Stylianides, a jornalistas portugueses, a quem descreveu esses "momentos difíceis", entre 15 e 17 de outubro de 2017, que acabaram com 50 mortos e mais de 50 mil hectares queimados.

Refira-se que Portugal lançou um apelo a Bruxelas no domingo, 15 de outubro, para que meios aéreos rumassem aos vários focos de chamas no Centro e Norte do país, mas só na quarta-feira, dia 18 de outubro, chegou timidamente um primeiro avião.

Stylianides assumiu que, foi devido a essa "falha de comparência" dos outros Estados-membros - que já se havia verificado em parte nos incêndios de Pedrógão Grande, em junho do mesmo ano - que o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia (MPCU) avançou com a "RescEU, estrutura que passou a centralizar alguns meios aéreos e a dar uma resposta mais eficaz aos pedidos de ajuda. "Foi por isso que acelerámos a constituição do RescEU", assumiu.

O comissário cipriota disse que contatou telefonicamente cada um dos governantes com a tutela da Proteção Civil dos países da União Europeia, mas que uns responderam que necessitavam dos seus meios e que outros admitiram já não os terem mobilizados àquela data. "A minha angústia perante as respostas dos outros ministros, dizendo que não tinham meios aéreos...", lamentou.

Também em Madrid, onde explicou a parceria do Centro de Coordenação de Resposta de Emergência (CCRE) com as autoridades espanholas, Johannes Luchner, diretor do Serviço de Proteção Civil e de Operações de Ajuda Humanitária da União Europeia (DG ECHO), - o congénere europeu da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) - assumiu que "em 2017 não tivemos os meios suficientes". "Foi desesperante. Não me vou esquecer", assegurou.

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia (CE), lamentou na altura a falta de solidariedade verificada para com Portugal, quando se soube das negas recebidas pela então ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

Num debate sobre o Conselho Europeu, em Estrasburgo, uma semana depois, Juncker desviou-se do assunto principal para abordar a tragédia portuguesa: "Não é normal que, quando um incêndio se declara num domingo de manhã em Portugal, tenhamos de esperar até quarta-feira à noite para ver chegar o primeiro avião de ajuda europeu. Temos que acelerar o processo".

"É evidente, necessário e elementar que a União Europeia venha em ajuda daqueles que sofrem. Essa é a razão pela qual encarreguei o comissário Stylianides de refletir no prazo de um mês, e em todo o caso até ao fim do ano, na remodelação e numa nova articulação dos nossos mecanismos de proteção civil que não estão a funcionar a cem por cento", disse, então.

Em outubro de 2017, Portugal já tinha dispensado parte dos seus meios aéreos de combate a incêndios, uns por terem terminado os contratos, outros porque os fogos ocorreram quando o dispositivo já não estava num nível que alegadamente justificasse ter em prontidão aeronaves.

O sistema "RescuEU ganhou impulso não só com os fogos em Portugal, durante 2017, como também com os que ocorreram na Grécia, em 2018, em que morreram 102 pessoas".

Fonte: JN

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