A Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) disse esta quarta-feira que pretende consultar, na próxima semana, os documentos do inquérito arquivado sobre alegadas fraudes na distribuição de donativos, antes de se pronunciar sobre a decisão do Ministério Público.
"Fizemos um pedido formal de acesso ao Ministério Público", disse esta quarta-feira à agência Lusa a presidente da associação, Nádia Piazza, remetendo para essa altura "novos desenvolvimentos" e a divulgação da posição da AVIPG sobre o arquivamento do inquérito sobre alegadas fraudes na distribuição de donativos às vítimas do incêndio de 17 de junho de 2017.
Para já, adiantou, "há algumas lições a reter" do processo de recolha, acondicionamento e distribuição de doações particulares, em dinheiro ou em artigos diversos. "A afluência de bens e donativos foi imensa e as pessoas deram as coisas de boa-fé, sem exigirem recibos de entrega", nos vários concelhos atingidos pelo grande incêndio que matou 66 pessoas, salientou Nádia Piazza. O MP, através da Procuradoria da República da Comarca de Coimbra, arquivou o inquérito sobre eventuais fraudes na distribuição de donativos aos lesados do incêndio de 2017 em Pedrógão Grande, anunciou esta quarta-feira a Câmara Municipal, frisando que já esperava este desfecho.
O processo foi arquivado "por inexistência de indícios de crime", afirma em comunicado o município de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, presidido por Valdemar Alves, reeleito pelo PS, em outubro de 2017, após ter cumprido um primeiro mandato pelo PSD. "A autarquia e o seu presidente não esperavam outro resultado, face à transparência e lisura que sempre foram a marca dos seus procedimentos", refere a nota.
Valdemar Alves e a Câmara Municipal "nunca deixaram de confiar na atuação do MP, que se deteve no rigor dos factos e se manteve imune às campanhas persecutórias que lhes estão a ser movidas, com puras motivações políticas e cegamente indiferentes às consequências para o bom nome dos pedroguenses e para a generosidade dos cidadãos", acrescenta. No despacho de arquivamento, o MP solicita ao autarca Valdemar Alves para, no prazo de três meses, informar os autos "do destino que vier a ser dado aos donativos depositados em conta bancária, juntando documentos comprovativos".
O grande incêndio que eclodiu em Pedrógão Grande, junto à povoação de Escalos Fundeiros, em 17 de junho de 2017, originou 66 mortos e mais de 250 feridos, além de avultados prejuízos materiais e ambientais, designadamente na agricultura, floresta, indústria, habitação e equipamentos públicos.
Fonte: Correio da Manhã
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