Corporações de norte a sul do país estão a aderir ao boicote lançado pela Liga dos Bombeiros Profissionais de rejeitar a comunicação das ocorrências ao Comando Distrital mas garantem que "não há problema nenhum em termos de segurança, de socorro ou proteção".
O presidente da Federação de Bombeiros do Porto disse que 70% das corporações de bombeiros do distrito do Porto (total de 47) aderiram hoje à não divulgação de dados ao Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS).
"Neste momento ronda os 70% as corporações de bombeiros do distrito do Porto que não estão a dar os dados ao CDOS [Comando Distrital de Operação de Socorro], declarou José Miranda, acrescentando que a tendência é "atingir o máximo cerca do meio dia".
Em Beja , mais de três dezenas de comandantes e operadores de centrais telefónicas dos 15 corpos de bombeiros do distrito reuniram-se esta segunda-feira para definirem diretrizes face às decisões tomadas no sábado no Conselho Nacional Extraordinário da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). E decidiram pela criação de um "Comando Autónomo Interno" (CAI), gerirá o reforço de meios de desencarceramento ou viaturas de combate a incêndio.
No distrito de Évora, "das 14 corporações de bombeiros, só uma", a do concelho de Reguengos de Monsaraz, "continua a reportar informações" ao CDOS, indicou à Lusa o presidente da federação distrital de bombeiros, Inácio Esperança.
No distrito de Portalegre, cinco das 15 corporações de bombeiros não estão a reportar informações ao CDOS: as dos concelhos de Fronteira, Alter do Chão, Avis, Crato e Arronches, disse à Lusa o presidente da federação distrital de bombeiros.
Os bombeiros do distrito de Setúbal aderiram "em força" à suspensão do envio de informação operacional ao Comando Distrital de Operações de Socorro. Ao que foi possível apurar, 76% das corporações no distrito deixaram de passar informação ao CDOS.
Dezasseis corporações de Bombeiros Voluntários do distrito de Coimbra não estão a reportar ocorrências ao CDOS, disse à Lusa o presidente da Federação Distrital. Segundo Fernando Carvalho, que preside também aos Bombeiros Voluntários de Serpins (Lousã), somente cinco das 21 corporações de voluntários estão a reportar ocorrências ao CDOS.
"Mantém-se todo o dispositivo no terreno, não há problema nenhum em termos de segurança, de socorro ou proteção. O que há é uma decisão pura e simplesmente administrativa e não comunicamos as ocorrências", esclareceu.
O socorro está garantido "a 100%" no distrito da Guarda, apesar de os corporações de bombeiros não estarem a reportar as ocorrências ao CDOS. "O socorro está a 100%. Não há problema nenhum", disse à agência Lusa Paulo Amaral, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda (FBDG).
Segundo o responsável, os 23 corpos de bombeiros do distrito "não estão a reportar [os serviços e as ocorrências] quase a 100%" ao CDOS local. "A única coisa que não há é a informação do que está a decorrer no território", esclareceu o presidente da FBDG.
Segundo o presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Bragança, Diamantino Lopes, todas as corporações da região aderiram ao protesto da Liga, escusando-se a responder e reportar à Proteção Civil. "Cem por cento das associações não respondem às chamadas do CDOS (Comando Distrital de Operações de Socorro), mas estão 100% operacionais", afiançou à Lusa o presidente da federação.
Desde domingo, segundo disse, que as 15 corporações de bombeiros do distrito de Bragança "não reportam dados, nem respondem ao CDOS", mas estabeleceram entre elas um processo de comunicação que, como assegurou, "não deixa falar socorro às populações".
O presidente da Comissão Distrital de Braga da Proteção Civil, Miguel Costa Gomes, disse que cerca de 50% das corporações do distrito estarão a reportar informação operacional ao comando distrital de Operações de Socorro (CDOS). Já o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Braga, Jorge Machado, afirmou hoje que serão "apenas quatro ou cinco".
O distrito de Braga tem 19 corporações de bombeiros voluntários, a que se juntam os Sapadores de Braga.
Os bombeiros do distrito de Leiria aderiram "em massa" ao boicote lançado pela Liga dos Bombeiros Profissionais de rejeitar a comunicação das ocorrências, registando-se uma adesão de 97%, disse à agência Lusa o presidente da Federação dos Bombeiros de Leiria.
"Dos 25 [corpos de bombeiro], apenas três não aderiram. Mas o socorro não está a ser posto em causa. Continua a efetuar-se da mesma forma que tem sido feito ao longo dos anos", assegurou José Almeida Lopes, recusando-se a indicar quais as corporações que não aderiram ao protesto.
A maioria das 26 corporações de bombeiros do distrito de Vila Real aderiu ao protesto nacional e não está a reportar as ocorrências ao Centro CDOS, segundo a Federação dos Bombeiros do Distrito.
As 11 corporações de bombeiros voluntários de Viana do Castelo não estão a reportar informações operacionais ao CDOS, mas "não está posto em causa o socorro", garantem fontes da proteção civil local.
O vice-presidente técnico da Federação Distrital dos Bombeiros de Santarém, Adelino Gomes, disse que cinco das 28 corporações de bombeiros desta região aderiram ao protesto da Liga, escusando-se a responder e reportar à Proteção Civil.
A Federação de Bombeiros do Distrito de Setúbal (FBDS) congratulou-se com "forte adesão à suspensão do envio de informação operacional ao CDOS de Setúbal bem como por continuarem a assegurar de forma pronta o socorro às populações".
Castelo Branco com menor adesão e Algarve de fora
O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Castelo Branco disse que a gestão está a ser feita com toda a normalidade. "Não está a haver qualquer transtorno. Só se notará se houver uma situação de um problema maior em que haja a necessidade de reforço de meios de nível local para o nível distrital e nacional. Daí que não se tenha perceção", afirmou Francisco Peraboa.
O comandante do CDOS de Castelo Branco adiantou que a maioria das 12 corporações de bombeiros do distrito está a reportar as ocorrências. "Apenas as corporações de Castelo Branco, Sertã e Proença-a-Nova é que não estão a fazê-lo", frisou.
Os bombeiros algarvios rejeitaram a decisão da Liga de não reportar as ocorrências à Proteção Civil e a situação operacional no distrito de Faro está normal, garantiu o Comandante Distrital de Operações de Socorro de Faro. Vítor Vaz Pinto disse à agência Lusa que "não há nada a falar" sobre as eventuais consequências na região da decisão que a LBP adotou de não reportar as ocorrências à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), "porque os bombeiros do Algarve não a seguiram" e "prevaleceu, junto das corporações da região, o sentido de responsabilidade" para com as populações.
Fonte: JN
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