Há cada vez mais empresas privadas e corporações de bombeiros a rejeitar o transporte de doentes não urgentes. A Liga Portuguesa de Bombeiros garante que o problema está na dívida dos hospitais que dizem atingir já os 35 milhões de euros.
O Jornal de Notícias avança esta quarta-feira que esses serviços pagos pelo Serviço Nacional de Saúde não compensam, em especial nas viagens mais curtas.
“Neste momento os hospitais devem aos bombeiros portugueses mais de 35 milhões de euros”, afirmou Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros na RTP3.
Segundo Marta Soares, “só 25 por cento das respostas dos bombeiros equivale a 10 milhões de euros”.
“Nós estamos a pagar para subsidiar o Ministério da Saúde. E por essa razão, muitas associações humanitárias (...) vão até ao limite das suas capacidades económico-financeiras para servir as populações”, esclareceu.
No entanto, “depois têm de ser os diretores a assumir pessoalmente os pagamentos das reparações das viaturas, dos combustíveis, do pessoal”.
“Tem sido um escândalo há dez anos para cá, tem vindo sempre a aumentar. Estabilizou há cerca de dez anos em vinte milhões depois 25 milhões, 28, 30, 35 milhões. Isto é uma loucura”, enumerou.
Segundo Marta Soares, “até o INEM que estava a pagar naturalmente, já está com atrasos de um mês, dois meses e mais. São situações gravosas.”.
Em relação ao acordo que existe entre o Ministério da Saúde e os bombeiros, que prevê o pagamento de 51 cêntimos por quilómetro, Marta Soares recorda que “o acordo já tem seis ou sete anos de negociação. 51 cêntimos por quilómetros já não chega. Não paga consumíveis, oxigénio, os tempos de espera que são percentagens muito pequenas”.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses deu um exemplo: “há um doente que pede para ser transportado. O que conta não é ir do quartel a casa do doente buscá-lo e depois levá-lo ao hospital. Não, conta a partir do quartel dos bombeiros. Muitas vezes é muito mais longa a distância do quartel a casa do doente, do que do quartel ao hospital”.
Para Marta Soares, o não pagamento da dívida e o baixo preço pago para transportar os doentes não urgentes, “leva a falência e há impossibilidade de uma prestação de serviço com dignidade para os doentes”.
“Temos vindo a aumentar a nossa capacidade operacional, a formação dos nossos tripulantes, dos nossos equipamentos, para que o doente tenha a dignidade no transporte. Tudo temos vindo a fazer a pedido do Serviço Nacional de Saúde”, frisou.
“Os bombeiros já chegaram ao limite. E vamos no próximo sábado fazer um encontro nacional no Terreiro do Paço. Onde vão estar milhares de bombeiros voluntários de Portugal, para dizer ao Governo que chega. Tem de parar, isto não é o caminho. Basta e chega de humilhação e desrespeito pelos bombeiros”, rematou.
Fonte: RTP
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