O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, adiantou este sábado que os voluntários vão continuar com as ações de protesto contra a proposta do Governo para a Lei Orgânica da atual Proteção Civil.
Uma das medidas é cortar o contacto institucional com a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), "a não ser nas questões de operacionalidade", adiantou aos jornalistas no final da concentração que juntou cerca de três mil bombeiros voluntários frente ao Ministério da Administração Interna (MAI), na Praça do Comércio, em Lisboa.
Deixar de participar em atos oficiais que contem com a presença de membros do Governo é outra das ações que podem vir a ser anunciadas numa reunião que deverá ocorrer em Santarém "dentro de poucos dias".
"Cada dia tomaremos atitudes mais consentâneas com a realidade até que consigamos pacificamente resolver os problemas", disse.
Momentos antes, nas palavras que dirigiu aos representantes de 90% das corporações e associações humanitárias de norte a sul do país, Marta Soares criticou o abandono e o desrespeito que estarem a receber por parte do Governo.
"Dão-nos sempre uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma", criticou, acusando a tutela e os municípios de beneficiar da "mão-de-obra barata" proporcionada pelos corpos de bombeiros voluntários às populações.
António Amaral, comandante dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça, adiantou ao JN que só este ano, na sua corporação, foram desempenhadas mais de 33 mil horas de voluntariado. "Se tivessem de as pagar, seriam precisas dezenas de milhares de euros", sublinhou.
O grupo de representantes desta corporação percorreu mais de 300 quilómetro integrado numa coluna com "perto de 200 bombeiros", que veio do distrito do Porto. Parte da Praça do Comércio ficou pintada de vermelho pelas fardas dos operacionais, que começaram a chegar pelas 12 horas.
No entanto, as viaturas, que segundo a agência Lusa eram cerca de 750, não tiveram permissão da PSP para ocupar o espaço, tendo ficado estacionadas nas imediações.
A concentração foi rápida. No final do discurso do presidente da Liga, e após se ter ouvido o Hino Nacional, as corporações começaram as dispersar. Faltava pouco para as 14 horas.
Sexta-feira, após uma reunião no MAI, que terminou sem qualquer acordo, Jaime Marta Soares afirmou que a reforma governamental "vai falhar", por não existir uma estratégia global.
A Liga tem vindo a defender a criação de uma direção nacional de bombeiros, com orçamento próprio, e um comando autónomo de bombeiros.
Fonte: JN
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