Foto: Sérgio Dias |
Com a implementação do Serviço Nacional de Ambulâncias na década de 70 e com a criação do INEM na década de 80 do século passado, surge no nosso sistema o conceito de emergência médica, importado em parte devido ao sistema americano e dai a adoção da estrela da vida como símbolo nacional do INEM.
No entanto, uma atividade que era vista como o parente pobre do sistema, começa a dar os seus passos, tendo em 1997 com a entrada no sistema de formação dos TAE/TAS a escola nacional de bombeiros, ocorrido um aumento do numero de elementos formados, bem como, esta formação passa a estar acessível a Corpos de Bombeiros, fora do sistema INEM, ou seja, que não possuíam ambulâncias INEM atribuídas por este instituto.
Assim, a atendendo que a função dos bombeiros não se limita ao encaminhamento do doente para o hospital, e tem todas as ações implícitas a qualquer missão de socorro e resgate, cria-se o conceito de emergência pré-hospitalar, atendendo a especificidade da formação que era ministrada aos bombeiros, o que trouxe uma melhora, por um lado porque passou a existir mais técnicos no pré-hospitalar, por outro pelo desenvolvimento que foi dado a formação de forma a responder a uma cada vez maior necessidade de uma assistência pré-hospitalar de qualidade.
Hoje, e em resultado da entrada de outras classes, assistimos, infelizmente a um sistema cada vez mais assimétrico, com lutas de classes, que tentam subjugar outras, com conceitos assentes em discurso demagógicos, e demonstrando em muitos casos um desconhecimento do que é a emergência pré-hospitalar, ignorando este facto somente para satisfazer os seus interesses corporativista, facto este que acaba por ser apoiado pela transformação da formação nesta área num negócio sem escrúpulos em que por um lado, vemos proliferar cursos internacionais que em muitos casos nada de novo trazem, mas e mais uma vez com o defeito cultural que temos que ´o que vem de fora é que é bom e por outro a uma formação que não passa por ser nada mais do que um produto comercial, em que o desenvolvimento de competências que sirvam realmente a necessidade dos doentes e sinistrados é remetido para segundo plano ou mesmo esquecido, o que vem satisfazer as entidades com um papel especial no socorro, em que a existência do cartão lhes dá mais uns euros e nada mais interessa.
Assim e a continuar neste caminho, esta é uma área que deem-lhe o nome que quiserem está condenada a que o doente e sinistrado seja transformado em cliente, mas que, mesmo assim, não tem o direito que está consagrado na lei, que é a prestação de cuidados adequado ao seu estado de saúde.
Nelson Teixeira Batista
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