GNR: Falta de Efectivo é Uma Realidade que a Instituição Não Reconhece - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

GNR: Falta de Efectivo é Uma Realidade que a Instituição Não Reconhece


Considerando algumas notícias vindas a público ontem, que vêm dar ênfase ao défice de efectivo nos Postos Territoriais da GNR, a Associação dos Profissionais da Guarda esclarece que esse défice não pode ser entendido de forma linear, como sendo consequência directa e única do reforço do GIPS, situação que constitui apenas um factor entre muitos outros e que tem contribuído para os profissionais da GNR, podendo optar, abandonem o serviço nos Postos Territoriais. 

A verdadeira razão que tem resultado numa redução objectiva de efectivos prende-se sobretudo com o reduzido número de ingressos anuais, que tem rondado os 300 e que não chega para colmatar os 600 a 700 profissionais que todos os anos transitam para a situação de reserva e isto com consequência mais nefastas na componente operacional da Instituição.

É entendível que sempre que internamente abre um novo concurso para uma outra das valências da GNR a grande maioria dos concorrentes sejam os profissionais dos Postos Territoriais, pois estes são, dentro da Instituição, desconsiderados, não valorizados, mais penalizados em todos os aspectos, até mesmo do ponto de vista remuneratório. Frequentemente, para poderem compor o seu parco salário têm que se submeterem a horas e horas de serviços remunerados, depois de cumprirem o serviço diário de escala.

Há que, de igual modo, entender que ao défice de efectivo com funções operacionais não é alheia a uma gestão de recursos humanos deficiente, que mantém uma máquina administrativa e de apoio que absorve muitos recursos humanos e que, na maioria dos casos, tratam-se de funções que poderiam ser executadas por civis, sem prejuízo da necessidade de colocação de alguns profissionais em serviços moderados, por questões de saúde.

É surpreendente o conteúdo do comunicado da GNR a respeito da carência de efectivo existente, na medida em que não corresponde, em rigor, à realidade no terreno. Se o número de patrulhas deste ano é equivalente ao do ano anterior, então importa referir que já no ano anterior a carência de efectivo era uma realidade, como o é aliás há anos.

Quanto até a um eventual aumento do número de patrulhas, estranhamos tal conclusão e hoje é prática corrente a realização de patrulhas compostas por elementos de postos diferentes - pois de outra forma não poderiam realizar-se - sendo este “agrupamento de postos” a única forma de garantir o policiamento de extensas áreas. Um elemento de um Posto em “agrupamento de Postos” com outro elemento de outro Posto não pode ser considerado como se duas patrulhas se tratasse mas sim apenas uma.

Ficámos surpreendidos com semelhantes afirmações por parte da Instituição, que desmentem categoricamente aquilo que os profissionais da GNR vêem e sentem diariamente no terreno e que argumentam inclusive com o ingresso de 600 novos instruendos que presentemente se encontram a estagiar. Naturalmente que, para já, não passam de instruendos, e não é transparente que sejam contabilizados como consistindo já no reforço de efectivo existente.

É perverso que se tente camuflar a realidade do terreno pois em causa está todo os esforço e sacrifício de quem diariamente está na linha da frente e, a falta de efectivo com funções operacionais é uma realidade que tem vindo a preocupar sucessivos responsáveis da Instituição, pelo que é de lamentar que presentemente não suceda o mesmo.

Lisboa, 21 de Agosto de 2018
A Direcção Nacional

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