Divergências nos Bombeiros Caldenses - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Divergências nos Bombeiros Caldenses


O vice-presidente da direcção dos bombeiros das Caldas, António Marques, suspendeu as suas funções naquela associação humanitária e o presidente da Assembleia-Geral, Carlos Figueiredo, demitiu-se. António Marques diz que vai ponderar regressar em Outubro, após o fim da época dos incêndios, e assume divergências com a direcção relacionadas sobretudo com a forma como tem sido gerida a piscina dos bombeiros.

“Suspendi o meu lugar de vice-presidente porque fui confrontado com uma posição do comandante e dos bombeiros que punha em causa a sua operacionalidade se eu me mantivesse. Como estamos a entrar na fase do DECIR [Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais], se eles não avançassem para a operação, quem ficaria com ónus disso era eu”. António Marques admite assim que não tinha condições para prosseguir no seu lugar perante uma espécie de “levantamento de rancho” dos bombeiros contra ele e resolveu, por isso, suspender as suas funções.

As divergências já duravam há meses. António Marques não concorda que o comandante dos bombeiros, Nelson Cruz, seja também encarregado-geral dos bombeiros. “O comandante comanda e a direcção dirige. A direcção nunca deve interferir no comando e o comando não se deve meter na direcção”, disse.

Por isso manifestou o seu desagrado por o encarregado-geral dos bombeiros ser simultaneamente encarregado-geral da piscina.

Enquanto vice-presidente, António Marques tinha a competência sobre os trabalhadores e não gostou quando a direcção quis nomear um gestor (Pedro Teixeira) para a piscina por entender que este não tinha competências para tal e por considerar que tal punha em causa o coordenador pedagógico e director técnico daquele equipamento, Rui Cunha.

“Essa nomeação representou um rombo na solidariedade entre órgãos sociais”, disse António Marques à Gazeta das Caldas, que assume a defesa do coordenador pedagógico e director técnico que, em sua opinião tem sido perseguido pela direcção.

PISCINA COM PREJUÍZOS

A piscina dos bombeiros já viveu melhores dias. Entre 2002 e 2012 deu uma média de 56 mil euros de lucro por ano, mas a situação alterar-se-ia radicalmente quando a crise se instalou. Não foi só a perda de utentes, que tiveram de cortar nas suas despesas e deixaram de ir à piscina. Foi sobretudo o aumento do IVA de 6% para 23% do gás, da electricidade e da água que fizeram disparar os custos e mergulhar as contas no vermelho.

Segundo António Marques, Rui Cunha escreveu uma carta à direcção dos bombeiros onde elencou um conjunto de propostas que tinha feito para dar uma solução à piscina, quer do ponto de vista técnico, com novos sistemas de aquecimento, quer do ponto de vista pedagógico, com oferta de mais actividades desportivas no meio aquático.

Esses projectos não só não foram aceites, como Rui Cunha foi subitamente destituído de funções e substituído na coordenação geral por Pedro Teixeira.

António Marques releva que Rui Cunha tem duas licenciaturas (Treino Desportivo e Psicologia do Desporto), uma pós-graduação em Treino de Alto Rendimento e 35 anos de experiência como professor de natação, razão pela qual não concorda que tivesse sido humilhado e desautorizado pela direcção dos bombeiros. Uma desautorização que contou com a anuência do comandante Nelson Cruz que, nestas questões não operacionais, não deveria ter direito de voto, pelo menos na interpretação que António Marques faz do estatutos da associação.

“Não abdico das minhas posições. Nunca aceitarei, até pela minha experiência como sindicalista, que um único colaborador possa ser vítima de pressão”, disse.
Auto-suspenso das suas funções, António Marques diz agora que em Outubro, após o fim da época dos incêndios, repensará se voltará para a direcção.

ABÍLIO CAMACHO NÃO COMENTA

Contactado pela Gazeta das Caldas, o presidente da direcção, Abílio Camacho, não quis prestar declarações, tendo-se limitado a dizer que não sabe por que motivo António Marques saiu. Por sua vez, Nelson Cruz, comandante dos bombeiros, limitou-se a responder “não sei de nada”.
Para hoje, sexta-feira, está prevista uma reunião da direcção dos bombeiros para, entre outras coisas, decidir quem ocupará o lugar de vice-presidente deste órgão social.

Já Carlos Figueiredo, que foi presidente da direcção dos bombeiros e ocupava agora o cargo de presidente da Assembleia Geral, diz que a principal razão para a sua demissão tem a ver com a sua saúde, mas não esconde que não gostou da maneira como correu uma reunião entre os órgãos sociais feita a pedido do presidente da direcção, Abílio Camacho.

“A direcção e os bombeiros apresentaram lá umas questões e insurgiram-se contra o António Marques e eu não gostei daquilo”, disse. “Tenho 82 anos, falta-me a saúde e não estive mais para aturar isto. Não gostei do ambiente”, conclui, acrescentando ainda que o seu lugar ficará muito bem ocupado por Henrique Sales “que até é uma figura que dá algum relevo à casa”.

Fonte: Gazeta das Caldas

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