Coronel deixa Reunião Depois de Presidente da Liga Pedir para o Calarem - VIDA DE BOMBEIRO

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Coronel deixa Reunião Depois de Presidente da Liga Pedir para o Calarem


Encontro quente no Ministério da Administração Interna ocorreu na quinta-feira à tarde. Presidente da Liga dos Bombeiros chegou a pedir ao secretário de Estado da Protecção Civil para “aturar” o comandante nacional, que nomeara.

Foi uma reunião quente e terá sido a gota de água que levou o coronel António Paixão, que tomara posse em Dezembro passado, a demitir-se do cargo de comandante operacional nacional. Segundo dois relatos recolhidos pelo PÚBLICO, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, terá ameaçado sair, mas acabou por ser o coronel António Paixão a deixar a reunião a meio. Isto já depois de Marta Soares ter pedido ao secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves, para mandar “calar” e para “aturar” o comandante nacional, que nomeara. O coronel Paixão levantou-se e saiu, o governante foi atrás, mas aparentemente a questão não ficou resolvida.

Na agenda do encontro, ocorrido na quinta-feira à tarde no Ministério da Administração Interna, estavam temas como uma homenagem que o Governo quer fazer aos bombeiros e a forma como os novos oficiais de ligação da Liga serão integrados na estrutura da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

A reunião que juntou cerca de uma dezena de pessoas - entre assessores, o secretário de Estado, responsáveis da autoridade e três elementos da Liga - foi tudo menos pacífica. A tensão entre António Paixão e Marta Soares existia desde que o presidente da LBP disse no Parlamento que o comandante nacional era “vaidoso” e “prepotente”.

Por isso, durante a maior parte da reunião os dois nem sequer falaram directamente. Contactado pelo PÚBLICO, Jaime Marta Soares, recusa-se a detalhar o que aconteceu, assumindo apenas que “houve discordâncias de 180 graus” e que o militar não tinha o perfil adequado para a função.

Foi uma sugestão de Paixão para que se aproveitasse a disponibilidade do primeiro-ministro que estará presente num simulacro no próximo dia 19 – iniciativa organizada sem o conhecimento da Liga, como se queixou o dirigente dos bombeiros - para homenagear os bombeiros, que provocou a ira de Marta Soares.

O assunto já tinha sido discutido e já tinha ficado acordado que não havia tempo para fazer a homenagem este mês. Por isso, Marta Soares pediu ao secretário de Estado para calar o comandante. Mas a reunião ainda prosseguiu e acabou por encalhar novamente na questão dos oficiais de ligação, já que Marta Soares rejeitou liminarmente a proposta do coronel Paixão para que fossem colocados adjuntos de planeamento, no comando nacional e nos distritais, indicados pela Liga.

Depois de comentários em tom mais baixo para um vice-presidente da Liga terem levado António Paixão a elevar o tom para perguntar se podia continuar a falar, Marta Soares terá pedido a José Artur Neves para “aturar” o comandante, que nomeara e o verniz estalou de vez, com Paixão a sair da reunião.

 "Militarização dos bombeiros"
Como pano de fundo a esta tensão, existe uma guerra nada surda que dura há vários anos e que se tem acentuando com a preferência de António Costa em ter à frente da ANPC militares em vez de bombeiros. Com a saída de António Paixão, e a entrada Duarte Costa, coronel e chefe do Estado-Maior do Comando das Forças Terrestres, a expressão "militarização dos bombeiros" voltou a ouvir-se.

Os representantes dos bombeiros, sejam profissionais ou voluntários, nunca esconderam que quem deve comandar a ANPC é um dos seus e não um militar. Alegam que são os bombeiros que conhecem os problemas da classe, que dominam o terreno e os meios de combate.

Para os operacionais, esta “militarização os bombeiros” significa também uma perda de estatuto e de influência a favor dos militares e também um desvio de meios das corporações para forças como as Companhias de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR. E não foram poucas as ocasiões em que publicamente os bombeiros se queixaram de estarem a ser preteridos a favor dos militares da GNR.

Publico

Sem comentários:

Enviar um comentário