Certamente Não é Paixão - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 13 de maio de 2018

Certamente Não é Paixão


1. Sim. Não será António Paixão que vai liderar a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) daqui para a frente. Não aguentou o saco de gatos que existe numa instituição pejada de interesses político-partidários. E a saga vai continuar porque todos os partidos, que não o PS, estão a afiar as garras para colocar António Costa de rastos.

É da elementar estratégia política concluir que a maior fraqueza governativa, até ao momento, são os incêndios trágicos do ano passado. Por isso, para os adversários de Costa - incluindo os seus parceiros de coligação, como se viu ontem, no debate quinzenal -, uma demissão de um comandante da ANPC com cinco meses de cargo é ouro sobre azul. E principalmente se Paixão chegar ao Parlamento e justificar a sua demissão com outras razões que não as pessoais.

António Costa sabe que estará estes meses sob fogo, passando o pleonasmo, e que será vital para o seu futuro enquanto primeiro-ministro que tudo corra bem. Por enquanto, tudo corre mal: o comandante nacional da Proteção Civil demitiu-se, os meios aéreos praticamente são inexistentes, a limpeza das matas foi a possível e há uma nova lei orgânica por aprovar.

Parece evidente que as "razões pessoais" para a demissão justificadas pelo Governo são mais do que isso. As divergências estão à flor da pele e cheira a esturro. Veremos o que Paixão tem para dizer na audição urgente pedida pela Oposição. Se há ou não caos na Proteção Civil. Se tudo estará pronto para a época do fogos, apesar da demora de algumas mudanças estruturais e da falta de investimento nas áreas operacionais.

2. Há aqui também um jogo de interesses que o cidadão comum não entende. A começar por Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.

Essa figura mítica do combate aos incêndios em Portugal foi o primeiro a criticar o Governo pela escolha de António Paixão para liderar a Proteção Civil. Disse até que a nomeação do coronel da GNR pecava por ser uma militarização da estrutura. Chegou mesmo a dizer que Paixão estava "completamente deslocado" no cargo.

Saiu António Paixão e entra José Manuel Duarte da Costa. Qual é a opinião de Marta Soares? É "uma pessoa com grande experiência de lidar com homens, de organização, de estratégia, um oficial do exército com muitos pergaminhos". Para o presidente da Liga dos Bombeiros, acabou-se a militarização da ANPC. Tudo está bem quando acaba bem. A que preço?

António José Gouveia in JN

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