A caixa de email do presidente da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários, Rui Silva, encheu-se com protestos às afirmações de um perito em incêndios norte-americano Mark Beighley, que apresentou esta sexta-feira um relatório em parceria com o Instituto Superior de Agronomia. Mas Rui Silva não entende a indignação: afinal o especialista disse o que várias comissões independentes já concluíram ao longo dos últimos anos.
Refere-se ao facto de os bombeiros não usarem ferramentas manuais nos rescaldos, de dependerem demasiada da água para combaterem os fogos e de na maior parte das vezes ficarem na estrada à espera das chamas.
E lembra, por exemplo, que os bombeiros espanhóis que o ano passado vieram ajudar a combater os fogos não trouxeram camiões com água, mas ferramentas manuais e pinga-lumes para usar o fogo como arma de combate. O presidente da APBV explica que na maior parte das corporações nem existem ferramentas manuais adequadas para combater os fogos, algo que diz não é culpa dos bombeiros. “A culpa é da legislação e dos sucessivos Governos”, aponta.
Uma reacção bastante diferente da do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, que adopta um tom indignado. “Os bombeiros portugueses não têm nada a aprender com os norte-americanos. Eles é que têm que aprender com as técnicas dos portugueses”, lança Marta Soares, que puxa dos galões para insistir que os bombeiros portugueses “estão ao nível dos melhores do mundo”.
O dirigente da Liga reconhece que muitas vezes os bombeiros são obrigados a ficar nas estradas à espera das chamas mas diz que a culpa é dos comandantes da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC). “O fogo combate-se onde ele está. É um erro ficar à espera dele na estrada”, afirma Marta Soares. “Os bombeiros só obedecem”, completa. Rui Silva também aponta o dedo à ANPC, que diz dar essas orientações para “evitar acidentes”
Marta Soares contesta igualmente um dos dados do relatório: Portugal perdeu 14 mil bombeiros numa década. “Isso não é verdade”, garante. Já Rui Silva acredita nos números que atribui à falta de incentivos ao voluntariado e à condição sócio-económica de muitos potenciais candidatos. Por isso, defende mais contrapartidas para os voluntários como a isenção do pagamentos de propinas nas universidades ou benefícios a nível do tempo de serviço das reformas.
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