Elas e Eles, no Quartel, São Apenas Bombeiros - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 8 de março de 2018

Elas e Eles, no Quartel, São Apenas Bombeiros


Só dizer-se, em jeito de chavão, que os bombeiros não serão seres melhores ou especiais: são apenas diferentes, o mesmo se poderia aplicar às mulheres não serão melhores nem piores que os homens, mas em todos os setores da sociedade, como na vida, apresentem-se com timbre próprio.

Apesar de ser moderno, quase natural, a presença feminina num meio que durante muitos anos, décadas, séculos até, foi masculino, a verdade é que por mérito próprio elas ombreiam com eles pelo menos em termos quantitativos. Em vários quartéis de Norte a Sul do Pais as mulheres já representam metade do efetivo operacional, numa representatividade conquistada a pulso, dia a dia – todos os dias – pelo trabalho, pela entrega, pela preparação, pelos conhecimentos e pelo profissionalismo, sem recurso às desprestigiantes quotas, à margem das políticas de promoção de igualdade de género.

Hoje, pelo menos em teoria ou só porque “fica bem” ou porque não existem outras alternativas, elas conquistaram espaço, fazendo cair por terra o “ceticismo” dos mais “conservadores”, tantas vezes disfarçado de um cavalheirismo bacoco fundamentado na delicadeza ou na sensibilidade do “sexo fraco”.

Este mês o jornal Bombeiros de Portugal dá a conhecer os rostos de duas das quatro mulheres que assumem estruturas de comando de bombeiros, no nosso País. Sem tiques feministas, sem ceder à pressão de algum machismo ainda arreigado no setor, Lourdes e Maria João assumem com determinação e tenacidade a sua missão.

Apesar do cominho percorrido, apesar do espaço conquistado, apesar da crescente a presença feminina nas recrutas, apesar de elas, em vários quartéis já representarem metade do contingente, dados da Autoridade Nacional da Proteção Civil revelam que dos mais de 30 mil operacionais que integram os quadros ativos dos corpos bombeiros do continente, pouco mais de seis mil são mulheres, já nas estruturas de comando eles são mais de 1100, elas cerca de três dezenas.

Os números dão ainda conta que Lisboa e Porto reúnem o maior número de bombeiras, mas em distritos como Castelo Branco, Évora e Portalegre para além de poucas e talvez por isso, não integram as estruturas de comando.

A 8 de março assinala-se o Dia Internacional da Mulher, e também neste dia, em jeito de tributo, importa mais uma vez reforçar, assinalar e incentivar a entrega e a força de 6335 soldados da paz, ainda que nos mais exigentes teatros de operações sejam apenas bombeiros, porque sempre que envergam a farda, deixam o género pendurado no cacifo.

Parabéns a elas que em vez de procurarem a igualdade, escolheram assumir-se pela diferença.

Sofia Ribeiro in LBP

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