Onde é que Ouvimos Falar Disto - VIDA DE BOMBEIRO

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Onde é que Ouvimos Falar Disto


O anúncio oficial está feito. A Força Aérea Portuguesa (FAP) vai voltar ao combate aos incêndios florestais. A talhe de foice cabe agora lembrar, a propósito, as circunstâncias que levaram a FAP ao abandono dessa missão no passado, nunca perfeitamente esclarecidas, as circunstâncias que entretanto não permitiram que fosse retomada ou as que agora o viabilizam. Julgo ser um bom momento para que, de uma vez por todas, fique esclarecida essa panóplia de circunstâncias, de dúvidas e perplexidades que pairam no ar há muito. E que agora, por maioria de razão, ganham nova expressão quando se anuncia o regresso da FAP ao combate.

É dito, entretanto, que a FAP já completou o estudo sobre o combate aos incêndios florestais, cujo teor seria interessante também conhecer para avaliar com detalhe e precisão com o que se pode contar.

Partindo do princípio que será sempre de saudar tudo o que corresponda à conjugação de esforços, optimização de recursos humanos e materiais e partilha de missões e tarefas, seja na prevenção, no socorro e no combate, não podemos, também, deixar de enunciar as questões que prevalecem.

Tomada a decisão de que a FAP volta ao combate importa saber como, em que termos isso vai acontecer. Importa também saber quando, em que condições, com que meios, aviões e helicópteros, com quanto, tipo e escala de envolvimento, e quem paga. Neste caso, dirão alguns que caberá à Proteção Civil suportar os custos resultando daí uma boa maquia para que a FAP possa juntar ao seu orçamento inicial.

Será porventura cedo querer obter respostas a todas estas questões. Mas, depois do que foi dito recentemente a propósito da multiplicidade de meios anunciados para o combate aos incêndios florestais resta saber se, depois disso, de facto, na prática, os bombeiros poderão contar mesmo com esses recursos ou se, como aconteceu tanta vez, vão voltar a ver-se sozinhos na frente entregues a si próprios, à sua capacidade, ao seu discernimento e determinação.

Parece óbvio, até para quem desconheça o histórico dessa questão, que seja a FAP a garantir a coordenação do combate aéreo com meios próprios ou de terceiros. Tão óbvio que será de estranhar que nunca tenho sido sempre assim. Qual a razão, ou razões, porque foi e deixou de o ser? As exigências que a FAP terá formulado condicionalmente no passado mantêm ou não?

Está esclarecido ou não a hipótese de terem havido e/ou continuarem a haver pilotos da FAP envolvidos no combate ao longo de anos a título particular?

As reservas formuladas quanto à gestão das actuais aeronaves do Estado mantêm ou não? Será fantasia ou desconhecimento a simples formulação de tais questões? E, para terminar, será legítimo questionarmo-nos sobre as razões que terão agora levado a FAP a inverter posições?

Se é suposto considerar o regresso da FAP ao combate como uma decisão pacífica, contudo, são muitas as perguntas sobre o assunto em busca de respostas que, a tardarem, estamos certos, quer se queira não, inexoravelmente o tempo irá responder.

Sobre o assunto, não cometer eventuais erros do passado parece ser um conselho avisado na certeza de que se pretende garantir a eficiência, a eficácia e a redução dos custos associados à missão do combate aéreo.

Nunca tive nada a favor nem contra o recurso a entidades privadas para o combate aéreo.
Contudo, mantive sempre dúvidas relativamente à vantagem dessa opção perante meios estatais, digo FAP, que o poderiam fazer, acreditava e ainda acredito, com possíveis menos custos e iguais, ou até melhores, ganhos operacionais.

Toda essa história está por fazer e importa que seja feita o mais depressa possível.
O recurso aos aviões C130 para o combate aos incêndios florestais, todos o sabemos, foi um claro fiasco operacional e, por certo, também, económico.

Lembro-me bem de ter visto ao abandono no meio do mato, em plena Base Aérea do Montijo, os kits que equiparam aqueles aviões para o referido combate. Depois, não sei que destino mereceram mas não tenho grande dúvida sobre isso.

Preparemo-nos, então, para novos ventos e novas etapas. Contudo, na certeza de que, desde que a FAP foi retirada do combate, ou retirou-se, várias vezes vimos anunciado o seu regresso. Por isso, quando constamos novo anúncio não será descabido perguntar onde é que já ouvimos falar disto.

LBP

Sem comentários:

Enviar um comentário