O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, considera extemporânea uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros para debater um relatório sobre incêndios, defendendo que haja antes "um trabalho aprofundado".
O primeiro-ministro marcou para sábado um conselho de ministros extraordinário para debater um relatório sobre os fogos de junho na região centro, feito por uma comissão técnica independente e entregue na Assembleia da República na semana passada.
Questionado pela Lusa sobre o que devia o Governo adotar ou rejeitar desse relatório, Jaime Marta Soares defendeu que o documento devia servir de base para um debate mais alargado, antes de partir imediatamente para uma reunião do Governo. É, disse, como se lhe faltasse (ao relatório) "o contraditório", porque nele descura-se áreas e não se considerou questões importantes como as projeções do fogo, porque não se ouviu os bombeiros, e porque todos os parceiros deviam ser ouvidos "antes de se tomarem decisões".
Agora o que se passa, afirmou, "é toda a gente a dar palpites, muitas vezes sem saber nada do que está a falar". "É preciso refletir, para analisar e decidir. Queremos reformas bem preparadas e não vejo que este frenesim, no meio de pressões partidárias, seja a solução", disse Marta Soares à Lusa, defendendo que na questão dos incêndios "o Estado falhou ao longo dos anos" e que agora devia antes estar a encaminhar esforços para os que perderam famílias, casas e fábricas. Os incêndios deste verão têm de ser analisados também numa perspetiva das alterações climáticas, disse o presidente da LBP, acrescentando a propósito:
"Vi fogos que nunca tinha visto na minha vida". Apesar de defender um debate, "mas não um adiamento da discussão dos problemas", Jaime Marta Soares gostava de ver o Governo a dar mais competências às autarquias, mas igualmente meios, na gestão e defesa das florestas. E considera que o sistema de comunicações de emergência (SIRESP), muito polémico, é "um sistema avançado" e uma "belíssima ferramenta" desde que a funcionar bem, pelo que deve ser restruturado. Os incêndios de junho na região centro, que começaram em Pedrógão Grande, provocaram 64 mortes, a que se juntam pelo mais 43 em resultado de incêndios que deflagraram no domingo passado no centro e norte do país.
Fonte: Correio da Manhã
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