Os dias passam, mas na cabeça de quem viveu o inferno das chamas persistem as memórias do último domingo - um dia em que os incêndios devoraram aldeias inteiras e mataram pelo menos 43 pessoas, em Viseu, Coimbra, Guarda e Castelo Branco.
O número de vítimas mortais foi ontem atualizado e pode não ficar por aqui. As despedidas são duras. Ainda ontem realizaram-se funerais em Seia, Oliveira do Hospital, Arganil e Santa Comba Dão. Fernando Almeida, de 58 anos, e António Borges de Almeida, de 72 anos eram primos. Andavam muitas vezes juntos e morreram no mesmo dia, na mesma tragédia. Centenas de pessoas choraram ontem no funeral.
Os corpos saíram ao início da tarde do Instituto de Medicina Legal de Coimbra para Cerdeira, em Arganil. Chegaram às 16h00. Fernando Almeida foi apanhado pelo fogo quando tentava salvar bens; o primo António quando tentava retirar o carro para local seguro. "Eram como irmãos", disse Maria Araújo, de Lisboa, prima das vítimas, que ficou chocada com o cenário que encontrou: "Isto está muito pior do que aparece na televisão", lamenta. As restantes famílias pedem para que os corpos sejam libertados o mais rápido possível para poderem também fazer o seu luto.
Fonte: Correio da Manhã

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