A ministra Constança Urbano de Sousa disse, esta sexta-feira, no Parlamento, que não se demite.
"Não, não vou pedir a demissão!", garantiu a ministra, nos primeiros instantes em que iniciou a sua intervenção, nesta manhã de sexta-feira, no Parlamento, ao falar num debate de atualidade, requerido pelo PSD sobre o relatório da comissão técnica independente, tornado público na quinta-feira, sobre os incêndios, de junho, em Pedrógão Grande e Góis.
O PSD exigia, no mínimo, um pedido de desculpas públicas por considerar que, com base no relatório, ficou provado que o "Estado falhou". Mas reclamava também que fossem retiradas "todas as consequências práticas e políticas", leia-se a demissão da ministra Constança Urbano de Sousa, conforme indiciou nas entrelinhas o deputado Luís Marques Guedes. Já o CDS/PP foi mais direto, pela voz do líder parlamentar Nuno Magalhães: "Lembramo-nos muito bem de, naquela noite, ter dito que 'tudo foi feito' Não, senhora ministra. Foi apenas incompetência, a começar pela sua incompetência, senhora ministra!".
As exigências do Centro-Direita levaram a Esquerda a insurgir-se, acusando PSD e CDS/PP de usarem um relatório da comissão independente, com cerca de 300 páginas, como uma "arma de arremesso" político. "Este debate foi marcado quando ainda a tinta estava quente na impressão deste relatório", atirou o socialista Fernando Rocha Andrade. "Uma coisa é desvalorizar o relatório, outra é instrumentalizar o relatório como o PSD está a tentar fazer com objetivos político-partidários. Aliás, não tem feito outra coisa que não seja usar esta tragédia como uma arma de arremesso", reforçou o deputado do PCP, António Filipe. "Este relatório não devia servir apenas como arma de arremesso político", concordou a bloquista Sandra Cunha, enquanto Heloísa Apolónia, de Os Verdes, responsabilizava sucessivos governos pelo "desinvestimento efetivo" na floresta e na Proteção Civil.
Apoiada pela Esquerda, a ministra da Administração Interna contra-atacou no mesmo tom, acusando PSD e CDS/PP de estarem a ser "pouco sérios" ao retirarem conclusões de um documento conhecido há menos de 24 horas. "Não vou retirar conclusões de um relatório que ninguém teve oportunidade e tempo para analisar com seriedade", afirmou Constança Urbano de Sousa, num debate marcado por vários momentos de crispação.
Fonte: JN
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