Forças Armadas Disponíveis mas Querem mais Meios Humanos e Dinheiro - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Forças Armadas Disponíveis mas Querem mais Meios Humanos e Dinheiro


Ramos desconhecem moldes do novo papel dos militares nos fogos

As Forças Armadas (FA) estão prontas para responder ao reforço do seu papel nos incêndios, em apoio das autoridades civis e nos termos anunciados sábado pelo chefe do Governo. Contudo, ignoram como é que isso se vai traduzir em concreto, sabendo-se que mais missões implicam um reforço de meios humanos, materiais e financeiros.

António Costa, após uma tragédia que vitimou mais de 100 pessoas, anunciou que as FA vão ter "um papel alargado [...] nas ações de rescaldo, na parte logística, no auxílio junto das populações e, ainda, no que respeita às capacidades no apoio ao processo de decisão" - leia-se Exército e Marinha. A Força Aérea "ficará com a gestão e operação dos meios aéreos de combate aos incêndios florestais", abrangendo meios do ramo - como os novos helicópteros ligeiros e as futuras aeronaves KC-390 - e ainda "a gestão dos meios próprios do Estado e a gestão dos contratos de meios aéreos de combate aos incêndios".

Fontes oficiais dos ramos disseram ao DN desconhecer os moldes desse envolvimento. Já as associações profissionais de Oficiais (AOFA) e Sargentos (ANS), manifestando a sua satisfação por verem concretizar-se uma medida há muito reclamada, alertam para a necessidade de saber em que termos e com que meios adicionais.

O tenente-general Frutuoso Pires Mateus, autor da proposta para criar uma unidade militar conjunta de emergências, disse que as medidas "são um princípio". Por exemplo, importa que a formação dos militares, desde as academias às recrutas, passe a incluir "esta área da Proteção Civil".

António Mota, presidente da AOFA, mostrou-se taxativo: "O RAME teria de ser reforçado. Vemos com grande perplexidade a questão dos meios humanos, que já não tem, e os meios logísticos e financeiros para que não recaia sobre a Forças Armadas o ónus de uma missão menos bem cumprida." "A Força Aérea e as FA em geral não têm meios humanos necessários em quantidade e preparados para o combate aos incêndios", insistiu aquele tenente-coronel.

"Se já hoje não temos recursos humanos para dar resposta às missões pedidas, vemos com grande perplexidade" conseguir fazê-lo com o que há. "Não se vão atribuir missões muito exigentes e de grande responsabilidade sem acautelar o reforço substancial dos meios humanos", defendeu ainda António Mota, adiantando: "Vemos como positivo que o RAME passe a ter meios permanentes e dedicados ao apoio e gestão de catástrofes, pois isto não passa só por incêndios mas também cheias e tremores de terra."

O presidente da ANS, Mário Ramos, focou a questão de saber "de que forma e com que meios" vai concretizar-se o reforço das FA. Na memória está a promessa não cumprida da Proteção Civil de dar "fatos, botas, máscaras e capacetes" para os militares estarem devidamente equipados - pelo que foram para o terreno "com fardas e as botas do dia a dia", estas "a derreter".

Lima Coelho, diretor do jornal "O Sargento", disse que "deve ser tudo devidamente enquadrado e bem preparado para não se entrar em aventureirismos e não voltar a ter dramas como o de Sintra" (em 1966, onde morreram 25 militares). "Tem de haver preparação, reequipamento e reestruturação" sobre a forma como os militares atuam, alertou, evocando a unidade militar espanhola que esteve em Portugal: eram "mais de 100 homens comandados por um sargento e deram um exemplo brutal do que são as capacidades militares, quando preparados e orientados para esse efeito".

Quem se mostrou desagradado com a ausência de diálogo prévio do Governo foi o líder da Liga dos Bombeiros. "Parece que o sistema faliu porque os bombeiros [voluntários] não foram capazes e agora se tem de ir para o profissionalismo", lamentou Jaime Marta Soares. "Estamos disponíveis para ter corpos mistos com profissionais", a começar pela integração dos que estão na Proteção Civil (os Canarinhos), disse.

"Queremos saber o porquê de ter estruturas profissionais quando não se esgotaram as possibilidades de ter equipas mistas com profissionais nos bombeiros", insistiu.

Fonte: DN

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