Presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais confirma que o SIRESP, criado para “assegurar as comunicações entre forças de segurança e emergência”, não está a cumprir o objectivo.
Seja Verão ou Inverno, “todas as situações onde o SIRESP foi utilizado não correram bem”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais à Renascença.
“Notou-se no Verão, porque foi usado mais vezes e aconteceu uma catástrofe em Pedrógão Grande”, destaca Fernando Curto, segundo o qual as anomalias no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança “notam-se em qualquer momento”.
“Na grande parte dos eventos onde há envolvência de várias entidades que utilizam o SIRESP ao mesmo tempo essas falhas têm-se notado”, refere. Incluindo, portanto, os casos de grandes eventos, como a visita do Papa.
“A vinda do Papa ou o incêndio de Pedrógão é exactamente a mesma coisa. Ou seja, na vinda do Papa, é implementada uma estrutura de socorro onde é utilizado o SIRESP pelos bombeiros, pela polícia, por todas as entidades. Seja o Papa, o Obama, o Trump, seja quem for que venha a Portugal. A questão que se coloca é que no SIRESP, as falhas que se notam são sempre regulares”, sublinha.
Fernando Curto confirma assim a notícia que se destaca esta segunda-feira no “Jornal de Notícias”, de acordo com a qual todos os anos o SIRESP sofre “apagões”.
Na sequência da tragédia de Pedrógão Grande foram tomadas algumas medidas e nota-se alguma melhoria nas comunicações, mas o problema não está resolvido.
“Há a introdução de redes móveis que vão aumentar toda a fluência do que tem a ver com a propagação das ondas que nos ajudam a falar. Nalguns momentos, a situação é melhor, mas isto não é solução. A solução não é remendar, é reorganizar a totalidade da rede com todos os agentes e entidades, para que eles não utilizem as suas próprias redes de comunicação, que é o que está a acontecer, infelizmente, nalguns casos”, defende o presidente da Associação Nacional de Bombeiros.
O SIRESP foi criado em 2003 como um “um sistema único de comunicações, baseado numa só infraestrutura de telecomunicações nacional, partilhado, que deve assegurar a satisfação das necessidades de comunicações das forças de segurança e emergência, satisfazendo a intercomunicação e a interoperabilidade entre as diversas forças e serviços e, em caso de emergência, permitir a centralização do comando e da coordenação”, refere a resolução do Conselho de Ministros.
No site oficial, lê-se que “Portugal passa a dispor de um instrumento decisivo ao nível do comando, controlo e coordenação de comunicações, aumentando exponencialmente a capacidade de resposta a todas as situações de emergência e segurança. É, por isso, um passo decisivo para o incremento dos níveis de confiança e bem-estar das populações”.
Facto é que, até hoje, as falhas têm sido regulares e terá sido uma delas que deu origem ao elevado número de mortos durante os incêndios de Junho, em Pedrógão Grande.
Fonte: Renascença
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