Incêndios Florestais, o Que Se Passa Este Ano? - VIDA DE BOMBEIRO

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sábado, 26 de agosto de 2017

Incêndios Florestais, o Que Se Passa Este Ano?


Há muito que assisto incrédulo à tragédia dos incêndios florestais em Portugal. Faz-me lembrar 1994/95, Projecto, da Licenciatura em Eng. Civil onde Vítor Abrantes, Prof. Catedrático da FEUP, em Coimbra e na FCTUC, um dia apenas, dizia relativamente à Qualidade na Construção que há 20 anos ouvia falar mais do mesmo e que ali continuava a insistir na esperança daqueles jovens, onde um deles era eu. Ainda hoje, pese embora alguma evolução lenta e curta como a perna dum anão preguiçoso, a sua aula é actual, 22 anos depois de 20 anos que vigorava a sua oportunidade.

Nos incêndios florestais não me recordo de outro paradigma que não este. Xavier Viegas estuda e estuda e conclui tanto e tanto que tiramos mais que uma árvore arde mais depressa de pé do que deitada; as suas conclusões usam de linguagem de difícil compreensão, ou Xavier Viegas é excessivamente inteligente ou eu burro. Jaime Marta Soares não sabemos o que quer incendiar primeiro, se os bombeiros ou o Sporting ou qualquer coisa de que fale... haja tempo de antena para este línguo-pirómano. Duarte Caldeira é isso mesmo, uma caldeira, ferve a todo o tempo ou nunca arrefece, haja tema e coisa a que se candidate desde que meta bombeiros, é um pouco como os sindicatos, no dia em que nos resolverem todos os problemas perdem a razão da sua existência e Mário Nogueira da Fenprof não quer dar aulas apesar de combater os horários-zero. Esse conheço eu bastante bem ainda era puto e ele o dirigente máximo da região centro; por coincidência de nomes, nos dias de reunião da região centro, as chamadas caiam-me todas em casa, ele é Oliveira e na minha havia e há um Dias; coisas de lista telefónica.

Em Castelo do Bode a população que vivia em aldeias com acessos em impasse teve que fugir nos seus barcos pela albufeira e seguir a pé; as suas embarcações foram depois tomadas pelo fogo. A repórter da TVI acaba neste Jornal da Noite de hoje de ser surpreendida por um incêndio que ninguém esperava mas tem características que ninguém combate... ele há incêndios discretos em Portugal. E repórteres estúpidos que nem portas rombas.

Esta fez-me perder de vez a paciência... E VENHO, POR ISSO A TERREIRO. Que os os incêndios têm dinâmica própria que ultrapassa a influência meteorológica local e regional é um facto cientificamente comprovado, mais quando são eruptivos é sair-lhes definitivamente da frente. O combate não é activo pela acção humana, do soldado da paz, de outros meios humanos ou materiais, nem directo de forma alguma, é puramente estratégico e joga com tudo, até com a esperança da mudança. Mas é impossível ter incêndios brutais e surpreendentes que se aproximam com discrição e soslaio furtivo para um directo ou similar televisivo. Este incêndio ainda teve pudor, como tem evoluído, mas perdeu-o ao ver o mediatismo das câmaras ou a incompetência do seu anfitrião. E perdeu a cabeça. Tem vontade própria, não dinâmica própria. O parvo, estúpido e burro do jornalista ainda vai ser processado por difamação pelo incêndio florestal, o rapaz danou-se com o seu descritor.

Alarmistas. Há coisas bem feitas também mas nada disso é notícia, a fatídica N236-1 é maior e mais importante que a A1 e Pedrógão vence Lisboa em audiências. Nem Marcelo consegue ser visto e ouvido em férias tugas. Com esta última agora e definitivamente me convenço que em termos de incêndios florestais passámos o ponto de não retorno.

Na ANPC, a fenomenal Patrícia Gaspar lá faz o seu excelente trabalho madrasto, duas vezes por dia vem a nossa casa dizer como vai a incompetência reinante do agora dinheiro que vai faltar às policias, culpa dos incêndios, o Zangado dos sete anões da perna curta do início das minhas aulas de 95 actuais é agora o Nunca cuja culpa ninguém sequer equaciona poder centrar-se no C3. Sim, porque há tanto que se repete e repete com Relatórios a indicá-lo pelo menos na parte.

C3? Sim. (C)omunicação, (C)omando e (C)ontrolo. SIRESP, COMANDANDES com orgulho, com "conhecimento" e que saibam o que é comandos único e/ou de unidade sem sair da unicidade e CONTROLO... pelo menos já era bom mesmo com Patrícia Gaspar ao comando dos briefings que os Sr.s Presidentes de Câmara percebecem que em termos de incêndios florestais, e se falam deles, são o órgão máximo da Protecção Civil Municipal e por isso, gostem ou não, é Patrícia Gaspar que matraca. Os bombeiros engolem, eles socorrem-se deles, podem e devem engolir melâncias. E fiquemos por aqui.

Os Sr.s jornalistas deviam aprender, ESTES SIM, que um dia a radiação das suas imagens ainda me incendeia o sofá. Porra, já mete nojo ao ponto que a televisão já fede. Acicatam o piromaníaco, tiram a paciencia ao povo. Não mostram um único bombeiro em esforço organizado, nem populações a alimentar Bombeiros. Só mostram merda. Casas ardidas, mas salvas não em lugares atravessados literalmente pelas chamas porque aí nem há tomates para ir depois. Contabilizam mortos mas evacuações e quantos sairam bem não, e quão é difícil convencer as aldeias a sair também não, o drama é notícia mas há drama que nem eles suportam. Vão-se catar. Sangue e lágrimas; suor não, este não vende, já nem o Soldado da Paz é Herói este Verão para esta gentinha, só o negrum de onde estava o verde. Este ano não sei o que se passa mas vão dizer que... 2003, 2005 e mais não sei quantos e o vento mas... mas este Verão está sossegado salvo uns picos de uns dias em temperatura em geral, e de vento não é extraordinário com excepção das dinâmicas pós-ignições, Junho foi brutalmente quente e foi sossegado comparado com Julho. A cartografia de risco vale muito e é muito boa mas a ligação à aplicação eficiente é uma distância. E em bombeiros o raio da velhice incute galões na cabeça dos burros, dita postos inexistentes nomeados por orgulhos desmesurados. E ninguém mete a mão a estes papagaios que destroem corporações. O melhor é nem falar numa boa mão cheia de Direcções.

Nem Austrália ou a Califórnia agem assim. Temos mais área ardida que qualquer outro em absoluto, não em % ou /1000 hab, se fossemos por aí, então era mesmo uma comédia de chorar.

Mas o que é isto? Constança Cunha e quem? António o quê? O presidente da ANPCarnaxide? Quem é esta gente? Mas quem manda, quem devia mandar ou não manda e devia?... como queiram?

Meus amigos. Não formatem discos, nada disso. Desliguem a ficha directamente. Contem até 10 100x e repitam o ciclo 1000. Mais de 4000 homens diariamente a 1,88 euros/hora, querem-nos em que condições? Bom... Numa estrutura de combate directo com 4 cores de fardas; o grosso é vermelho para não dizer que ainda são voluntários, municipais e sapadores ( e por isso ainda há cinzentos), quem comanda veste de preto, os especiais tipo comandos são amarelos e os militares são das nossas fardas azuis da GNR. Dá que pensar esta salada de fruta à qual falta em número duas cores para um arco-íris, alguns com hierarquias externas à ANPC e estatutos próprios. Uns do perfil vertical do Comando e outros pela via dos Oficiais de Ligação.

Como não há-de arder mesmo antes de pegar fogo? Isto já arde de Inverno a chover torrencialmente mas a estrutura nunca arde. Seria tirar de lá todos e deixá-la mesmo arder porque não se quer ninguém magoado. Mas se se evacuar de vez a estrutura também se a pode poupar, e re-humanizar os seus súbditos; re-humanizar não é dar-lhes nova alma, vem de Recursos Humanos, varrê-los. E aos jornalistas desta bacoquice desencartá-los pelo menos 10 anos a ver se isto não se repete nos próximos 100.

Hah, deixem estar Patrícia Gaspar, creiam-me. Por dois motivos: em nada está incluída nesta ordinarice comportamental e... toda a nova massa precisa de fermento. E como dizia e fazia a minha avó, o melhor fermento é de massa-rainha da amassadura anterior se a houver.

Que inferno. Leiam como quiserem!

José Nogueira

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