Hoje fui à praia. Levei a “pequenita”. Não ia há uns 10 anos.
Hoje, cá por estas bandas, houve um incêndio. Tocou a sirene. Ouvi-a de tal maneira, que parecia que me estavam a gritar aos ouvidos.
O meu corpo deu um impulso. A cabeça deu-lhe ordem de paragem.
Ao sol estava, ao sol fiquei. Estava deitado, assim permaneci.
Volvidas três horas, recolhi a toalha, chinelos nos pés, chave do carro na mão… e casa!
Não sei se a postura é a mais correta. Se é assertiva até. Não sei sequer se fiz falta. Mas senti, que hoje, não devia de ir… hoje, e provavelmente o resto do verão. Este e os que virão.
Cansei-me de ser desrespeitado pela estrutura. Cansei-me de abdicar de parte da minha vida em prol dos bombeiros. Hipotequei, durante Verões a fio, muito do que poderia ter feito na minha juventude.
Perdi a minha juventude, mas não irei perder o resto do que me falta viver. Sinto que é tempo de aproveitar a minha filha, desfrutar dela, aproveitar tudo que me pode dar e ensinar.
Deixei muito por fazer por causa dos incêndios florestais, das ECIN, das ELAC e do “diabo a sete”. Chega. A Minha filha precisa de mim, tenho que a ver crescer e ela têm de saber que existe um pai.
Sei que o tempo não é recuperável, mas agora há um tempo novo. Um tempo que me fará mudar a postura perante os bombeiros.
O voluntariado cá em casa irá até onde não me prejudicar. Além dessa fronteira não contem comigo. Se não cumprir com os mínimos mandem-me embora.
Em 10 anos, os bombeiros não me deram nada, ou quase nada e ninguém nos reconhece por isso, quer internamente, quer externamente.
Autor desconhecido
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