O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses considerou hoje uma "inovação" que o financiamento à atividade operacional dos bombeiros deixe de estar limitado à época de incêndios florestais, mas vincou não apoiar a diretiva financeira 2017 apresentada pelo Governo.
Jaime Marta Soares reagia, em declarações à agência Lusa, ao facto de o secretário de Estado da Administração Interna anunciar no Parlamento que o financiamento à atividade operacional dos bombeiros deixa de estar limitado à época de incêndios florestais, passando a vigorar todo o ano e a abranger outras situações de emergência, como cheias.
"É um avanço, mas não nos iludamos, não contempla tudo", disse Jaime Marta Soares, observando que a diretiva financeira apresentada por Jorge Gomes, em sede de comissão parlamentar, não abrange uma "série de questões" que a Liga pretendia que estivessem contempladas no documento.
Segundo Jaime Marta Soares, não estão contempladas questões de compensação aos bombeiros que integram as equipas especiais de combate aos incêndios florestais e as equipas das viaturas de transporte de água.
Quanto à comparticipação aos bombeiros que integram o dispositivo de combate a incêndios florestais, no valor de 45 euros por 24 horas, o presidente da Liga dos Bombeiros revelou que foi pedido um aumento de dois euros nas 24 horas, por forma a permitir que, em 2018, esse valor rondasse os 50 euros pelas 24 horas.
Hoje, o secretário de Estado indicou aos deputados que a verba se mantém nos 45 euros por dia, sublinhando que um bombeiro recebe, ao final do mês, 1.350 euros, tendo Jaime Marta Soares dito à Lusa que nenhum bombeiro recebe aquele valor global porque nenhum bombeiro trabalha 30 dias seguidos.
"Há ainda um outro conjunto de situações que esta diretiva financeira não contempla, dando, como exemplo, a não reposição de equipamentos, como botas e outro material,
"Esta não é a nossa diretiva financeira", salientou Jaime Marta Soares, notando que é "inquestionável que os bombeiros são, em Portugal, o principal agente da Proteção Civil e que merecem os incentivos" que reclamam.
No Parlamento, Jorge Gomes avançou que a diretiva financeira de 2017, documento anual que fixa os princípios norteadores do pagamento das despesas resultantes das intervenções dos corpos de bombeiros, tem como novidade a compartição aos bombeiros durante o ano todo, deixando de estar limitada aos incêndios florestais.
"O financiamento deixa de estar limitado ao DECIF (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais), passando a vigorar todo o ano nos estados de alerta amarelo ou superior", disse Jorge Gomes.
Jorge Gomes sublinhou que a diretiva financeira permite apoiar os bombeiros na reparação e reposição de veículos e equipamentos, alimentação e combustível, bem como na mobilização de grupos de reforço em situações de incêndios, cheias, tempestades e outras situações de emergência.
O secretário de Estado esclareceu que podem também ser concedidos apoios para reparação e reposição de veículos e equipamentos, nas situações em que não tenha sido declarado o estado de alerta amarelo ou superior, mas que tenha ocorrido um incêndio urbano ou industrial e tal o justifique.
O secretário de Estado apresentou aos deputados o DECIF para este ano, que mobiliza mais 1.580 operacionais do que em 2016.
Para esta fase, considerada a mais crítica, vão estar envolvidos 9.740 operacionais e 2.065 viaturas, apoiados por 48 meios aéreos e 236 postos de vigia.
O dispositivo deste ano conta também com a integração de uma força com 1.380 militares, que receberam formação específica para participar nas ações de rescaldo e vigilância do rescaldo, de forma a libertar os bombeiros para outras operações.
Fonte: Noticias ao Minuto
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