A gota de água entre as duas partes terá acontecido recentemente aquando de um incêndio numa carpintaria em Aveiras de Cima.
A recente participação do comandante dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, Armando Baptista, à Autoridade Nacional de Proteção Civil, na qual dava conta da “ilegalidade” que a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) de Aveiras1 de Cima cometeu ao ter procedido à extinção recente de um incêndio na freguesia de Aveiras sem ter “competência legal para o efeito”, apesar de possuir algumas ferramentas e equipamentos, caiu mal entre as diversas cores do executivo municipal de Azambuja.
Da CDU à coligação de centro-direita passando pelo PS todos condenaram, em reunião de Câmara, a atitude de Armando Baptista referindo que o mesmo está a defender “a sua quintinha”. David Mendes, da CDU, e António Jorge Lopes, da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, interpelaram o presidente da Câmara, Luís de Sousa, como responsável máximo da Proteção Civil no sentido de poder averiguar o comportamento do comandante dos bombeiros. O autarca referiu que já falou com o responsável da Cruz Vermelha e que também contactará entretanto com Armando Baptista. Luís de Sousa também se mostrou agastado com o comportamento de Baptista - “Não podemos ter aqui quintinhas”, disse.
Ouvido pelo Valor Local, o comandante dos voluntários de Azambuja, Armando Baptista, refere que o que está em causa “é o estrito balizar de competências entre entidades”. O responsável garante que ao longo de quatro anos tem alertado a Cruz Vermelha para o facto de “não poder fazer determinados serviços como desencarceramentos ou combate a incêndios urbanos” mas sem efeito. “Pedi imensas vezes, por favor, para que não entrassem nas minhas áreas. Aveiras de Cima tem um corpo de bombeiros que é o de Azambuja. Tive de dizer basta e dar conta da situação de incumprimento junto da Autoridade Nacional de Proteção Civil”. De acordo com Armando Baptista foi nomeado um inspetor para o caso, que falou com o diretor nacional da Cruz Vermelha, que por sua vez deu conta ao coordenador nacional de emergência. Disto resultou que a Cruz Vermelha de Aveiras de Cima, foi notificada de que não podia fazer combate a incêndios “a não ser em ocasiões flagrantes e sempre de fora para dentro”. Se “a decisão não for acatada por parte da Cruz Vermelha, da próxima vez a resposta poderá ser em termos judiciais”, diz. Armando Baptista refere que “cada um tem a sua missão específica perante a lei” e que nada tem contra a Cruz Vermelha - “O seu comandante e simultaneamente presidente merece-me carinho e respeito”. Sendo que “a Cruz Vermelha é tão importante como os bombeiros”. Armando Baptista refere ainda que a sua carreira passou em grande parte pela Cruz Vermelha da Amadora onde nunca saiu para “casos de incêndios e desencarceramentos”, apesar de ter ao seu dispor cerca de 45 funcionários, e por isso - “Não posso admitir que outros façam o que eu nunca fiz”.
A gota de água entre as duas partes terá acontecido recentemente aquando de um incêndio numa carpintaria em Aveiras de Cima, onde segundo Armando Baptista ,a Cruz Vermelha, ao arrepio das suas funções, não contactou os bombeiros de Azambuja e decidiu por cobro “ao sinistro sem para isso ter os meios adequados”. “Bloquearam o acesso e colocaram em risco o combate”. José Torres, presidente e comandante da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima, defende-se e quanto a este episódio refere que foram os populares que na ocasião se muniram de uma mangueira e puseram cobro ao incêndio, sendo que a CVP apenas se limitou “a fazer o arrefecimento” de modo “a que não se propagasse à carpintaria”. E vai mais longe: “Demos conta do sinistro aos bombeiros (contrariamente ao que diz Armando Baptista), mas o que estranhamos é que assim que chegou ao local o senhor comandante de Azambuja desatou a tirar fotografias aos nossos operacionais”, e desabafa - “Quando é para nos pedirem ajuda, os nossos telefones estão ao dispor, mas quando não lhe interessa...”
Acerca do facto de a CVP de Aveiras ter sido alertada para o facto de não poder fazer desencarceramentos e outras operações, refere que tal é possível desde que haja um protocolo entre as partes, sendo que no caso dos bombeiros de Azambuja “tal nunca existiu talvez por questões políticas”, ao mesmo tempo que sublinha “a excelente coordenação existente com os senhores comandantes dos bombeiros de Alcoentre e do Cartaxo, onde esse tipo de questões não se fazem sentir”. “São pessoas que colocam as vítimas em primeiro lugar, ao passo que o senhor comandante Baptista chegou a uma área que não conhece e de repente está fora do baralho”. “Tem de cair na real, porque não há forças subordinadas na lei, e não pode de modo algum desprezar os meios que têm feito a diferença na primeira intervenção.” Armando Batista defende-se e diz que não quer servir de “arma de arremesso político”. “Tenho falhas como qualquer outro ser humano e consigo responder a todas as acusações com números. Se necessário posso estar presente em qualquer assembleia municipal ou outra instância para defender a posição dos bombeiros”.
Quanto aos meios de que dispõe, José Torres refere que a CVP tem um veículo com capacidade para 400 litros de água, habilitado a fazer uma primeira abordagem no terreno. Na exposição que enviou às autoridades, Baptista deu conta de que a Cruz Vermelha não dispunha dos meios adequados, incluindo máscaras, líquidos refrigeradores, e a própria viatura, “que apesar de poder fazer um combate minimizador, não está habilitada” mas Torres refuta tal. Também na questão dos desencarceramentos, a CVP diz que tem formação para o efeito. Sublinhando nada ter contra os bombeiros de Azambuja, Torres refere que “são homens e mulheres de grande valor, mas o problema está nas cúpulas”. “O que o senhor comandante está a fazer não se faz, e que faça o favor de olhar para as vítimas. A nossa porta está fechada, enquanto ele lá estiver. Prova disso é que nem sequer estivemos na festa de aniversário deles”. Recentemente, um veículo incendiou-se em Aveiras de Cima “e teve de ser o dono da marisqueira a atuar com os seus extintores, porque com isto tudo estamos impedidos de ir para o terreno, e foi por milagre que o motor não explodiu e com isso tinham ido as janelas das casas mais próximas. A Cruz Vermelha estava a escassos metros. Podíamos lá ter ido e feito alguma coisa”, conta Torres.
Fonte: http://valorlocal.weebly.com/
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