As associações e corpos de bombeiros continuam a braços com frequentes avarias nas ambulâncias que lhes estão atribuídas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) no âmbito dos postos de emergência médica (PEM).
Segundo muitos bombeiros, são mais as vezes que aquelas ambulâncias se encontram “INOP”, a braços com avarias e tempos de espera excessivos a aguardar ordem de reparação do que a funcionar em condições normais e disponíveis para o socorro. Tal fica a dever-se, desde logo, à idade das viaturas, mas também a outras causas, nomeadamente, à motorização baixa escolhida pelo INEM para equipá-las, entre outros fatores negativos.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) tem vindo a alertar frequentemente o INEM e o próprio ministro da Saúde para a degradação progressiva e acelerada da situação.
Em ofício enviado recentemente a Adalberto Campos Fernandes o presidente da LBP, comandante Jaime Marta Soares, lembra, mais uma vez, que “na emergência, e no caso concreto, no que ao postos de emergência médica sedeados nos corpos de bombeiros diz respeito, vivem-se momentos de incerteza, nomeadamente na substituição de viaturas ambulâncias, propriedade do INEM, uma vez que, segundo esta entidade, não há um prazo concreto para substituir viaturas usadas e algumas obsoletas”.
Na altura, o presidente da LBP lembrou também ao titular da Saúde que “está ainda por cumprir o protocolo no que respeita a uma PEM por município” e renova o alerta para a situação que, “tende a deteriorar-se e provocar entropias no setor da urgência/emergência que a ninguém beneficia, pelo que urge dar uma resposta definitiva a esta situação”.
Recentemente, o INEM procedeu à substituição de 20 das 44 viaturas médicas de emergência rápida (VMER) sediadas em outros tantos estabelecimentos ou centros hospitalares do país.
Os bombeiros não contestam essa medida mas apontam existirem necessidades tão ou mais urgentes na frota das ambulâncias PEM que lhes estão entregues. Apontam inclusive que, perpetuar muitas dessas viaturas em funcionamento traduz má gestão, já que em muitos casos, o volume e o montante das avarias custeadas em cada uma equivalerá ao pagamento da mesma viatura em duplicado.
No parque de viaturas propriedade do INEM, de 717 veículos, encontramos uma idade média de quase 11 anos e 192 deles com mais de 12. Nos primeiros oito meses do corrente ano o INEM despendeu 3 milhões de euros em mais de 5 mil reparações em ambulâncias e viaturas médicas, incluindo as PEM.
Recentemente, o Governo anunciou uma dotação de 9,7 milhões para que o INEM possa renovar a sua frota, quando este defende precisar de 29 milhões.
Não deixa de ser curioso verificar que, não obstante o INEM apontar a necessidade de renovação urgente da sua frota, devido aos custos, à idade e à quilometragem, se compararmos com a do bombeiros na área da emergência pré-hospitalar verificamos que a segunda, quer em termos de idade e quilometragem está também com dificuldades.
Porém, o cuidado posto pelos bombeiros na manutenção das suas ambulâncias, a par das sinergias existentes nas associações com trabalho tantas vezes gracioso dos próprios bombeiros nesse trabalho, levam a que, apesar dos fatores que apontam para uma frota mais envelhecida que a do INEM, na prática, possam ter melhores resultados e menos custos, mesmo se também onerosos.
Lembre-se que, das 1604 ambulâncias de socorro próprias existentes nos corpos de bombeiros voluntários, mistos e profissionais portugueses, 35 têm mais de 30 anos, 8 entre 25 a 30, 62 entre 20 a 25, 333 entre 15 a 20, 371 entre 10 e 15, 368 entre 5 e 10 e 427 com menos de 5 anos.
No caso das 273 ambulâncias entregues pelo INEM aos bombeiros (PEM), 4 têm entre 15 e 20 anos, 39 entre 10 e 15, 161 (o maior grupo) entre 5 a 10 e apenas 68 com menos de 5 anos.
Cabe aqui, naturalmente, um elogio aos bombeiros pelo trabalho desenvolvido em prol da sua frota, logo, da própria prestação do socorro, e um lamento pela situação vivida com o INEM, já que o esforço tantas vezes empregue pelos bombeiros na manutenção da sua própria frota de ambulâncias, acaba por amenizar a falta de resposta do INEM na manutenção e na substituição atempada das suas ambulâncias entregues aos bombeiros, sem que estes, contudo, sejam devidamente ressarcidos desse esforço acrescido.
LBP
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