Duas centenas de bombeiras participaram no passado dia 17 em Póvoa de Lanhoso no IV Encontro Nacional de Mulher Bombeiro Deste encontro ressaltou o facto de se acentuar cada vez mais a presença de elementos femininos nos corpos de bombeiros. Constata-se assim que as mulheres continuam a dar cartas refletindo, por um lado, a atual estrutura da própria sociedade e, por outro, traduzindo o empenhamento crescente delas nesta componente específica de voluntariado, antes domínio eminentemente masculino.
A próxima edição do encontro, o quinto, ficou já agendada para São Brás de Alportel organizado pela associação de bombeiros local.
Sublinhe-se que as mulheres têm vindo a ocupar por mérito próprio novas posições nos bombeiros, inclusive com funções de chefia e até de comando, dado que em momento algum existiram quotas ou qualquer outra medida de descriminação em seu favor.
“Hoje há já mulheres a ocupar cargos de chefia nos corpos de bombeiros e isso deixa-me muito orgulhoso”, referiu recentemente o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) quando questionado por um matutino a propósito do encontro, onde a confederação se fez representar pelo seu Provedor, Fernando Vilaça.
Segundo o comandante Jaime Marta Soares, “os quartéis, que antes eram só para homens, começaram a criar condições para a integração das mulheres, o que me deixa muito feliz e prova que o voluntariado no País está bem e recomenda-se”.O presidente da Câmara Municipal de Póvoa de Lanhoso esteve também presente referindo como importante que o encontro tenha ocorrido precisamente quando se prepara localmente a inauguração do Centro Interpretativo da Maria da Fonte.
A iniciativa teve como objetivo a troca de experiências por parte das mulheres, em número crescente, integram os quadros ativos de praticamente todos os corpos de bombeiros portugueses.
“Os corpos de bombeiros têm por norma 80 por cento de homens e 20 por cento de mulheres. Juntar essas mulheres é motivar outras com o nosso exemplo a fazer parte desta grande causa que é ser bombeira voluntária” destacou a subchefe Adosinda Pereira, dos Voluntários de Póvoa de Lanhoso e um das responsáveis pela organização do encontro.
Para o comandante dos Voluntários de Póvoa de Lanhoso, António Lourenço, corpo ativo com 30 mulheres,” esta mudança de passar de um corpo de 100 por cento masculino para um corpo de bombeiros misto foi talvez o passo mais importante que nós demos na Póvoa de Lanhoso ao longo destes 22 anos em que sou comandante”.
Para o mesmo responsável, a entrada das mulheres nos bombeiros “é uma forma dos bombeiros acompanharem as novas realidades do ponto de vista social, porque as mulheres foram e são uma mais valia dentro do corpo de bombeiros, pela sensibilidade, pela sua entrega e pela sua forma de estar, influenciaram comportamentos essenciais para um bom ambiente, foi uma lufada de ar fresco”.
Os bombeiros do distrito de Braga estiveram representados na reunião por Ana Luísa Alves, adjunta de comando dos Bombeiros Voluntários de Vizela, que deu o seu testemunho enquanto mulher bombeiro.
A adjunta Ana Luísa Alves integra o corpo ativo há 11 anos e, conforme referiu, “a entrada nos bombeiros surgiu por uma vontade de fazer voluntariado, na altura em que abriu a primeira escola de mulheres bombeiros na sua associação”. E explicou que, “na ocasião fui falar com o comandante da altura e comuniquei-lhe que pretendia fazer voluntariado, principalmente na minha área, do Direito” não obstante, “não ter familiares nos bombeiros, não ter qualquer referência nem nenhuma ligação aos bombeiros”.
Em jeito de balanço relativamente à atualidade, Ana Luísa aponta que “a principal evolução é o crescimento do número de mulheres que integram a corporação de bombeiros, tem havido um aumento de há onze anos para cá, houve também bombeiras que suspenderam a atividade, mas isso também acontece com os homens, por motivos profissionais, pessoais, e cada vez mais se sente que as mulheres estão mais integradas no próprio dia a dia, no quotidiano da corporação, o que é extremamente positivo”.
Em termos nacionais, calcula-se que no universo de 38 mil bombeiros cerca de 10 sejam mulheres. No caso dos Voluntários de Vizela, de acordo com Ana Luísa Alves, “no nosso corpo de bombeiros os números são semelhantes”. Segundo a adjunta, “somos 33 mulheres bombeiras, mais seis estão no quadro de reserva, somos 27 no ativo. Do lado masculino temos 106 homens no ativo. Portanto, um quarto dos bombeiros no ativo são mulheres. Estamos dentro dessas estatísticas”, concluiu.
Ilda Cadilhe, comandante dos Voluntários da Póvoa de Varzim, deu também o seu testemunho no decorrer do encontro salientando que “foi preciso enfrentar preconceitos” mas foram os próprios bombeiros a reconhecer “a competência e a dedicação”. “Somos mulheres, mães e bombeiras, e é possível conciliar tudo isso” defendeu aquela responsável adiantando que “o papel da mulher no mundo dos bombeiros não é fácil” e que “a igualdade ganha-se com a pro-atividade”.
No final do encontro, que contou também com a presença do presidente da assembleia-geral da associação anfitriã, realizou-se uma sentida homenagem ao comandante António Lourenço.
No exterior, junto do monumento ao bombeiro as bombeiras presentes prestaram homenagem à colegas falecidas em serviço nos últimos anos: Paulina Pereira (Municipais de Abrantes), Patrícia Abreu (Voluntários de Coja), Rira Pereira (Voluntários de Alcabideche) e Cátia Dias (Voluntários de Carregal do Sal).
Na Póvoa de Lanhoso estiveram presentes bombeiras de Caxarias, Cosntância, Vizela, Vila Franca do Campo, Terras de Bouro, Famalicão, Fafe, Viana do Castelo, Pedrógão Grande, Braga, Brasfemes, Lixa, Riba de Ave, Paredes, Vieira do Minho, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Soure, Figueiró dos Vinhos e São Brás de Alportel.
Fonte: LBP
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