Em Bom Pano, Também, Pode Cair a Nódoa - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Em Bom Pano, Também, Pode Cair a Nódoa


Há dias, na sua habitual coluna de opinião no “Correio da Manhã”, o dr. Rui Moreira entendeu expressar, referindo-se à floresta, que “não é imaginável que Portugal tenha de recorrer ao voluntariado para zelar por uns dos seus principais ativos”.

Tenho pelo dr. Rui Moreira admiração e estima pela forma como habitualmente expressa as suas convicções, não obstante em muitas questões não partilhemos das mesmas opiniões. Neste caso em concreto não posso deixar de manifestar., não só, total discordância, como também, lamento pela falta de solidez da opinião aduzida. 

Em consciência e coerência com as minhas convicções e as de todos os que represento, enquanto Presidente da LBP, não poderia deixar de reagir na defesa dos milhares de homens e mulheres que em Portugal entendem adoptar e dar corpo a uma das expressões mais nobres do ser humano que é o voluntariado nos bombeiros.

Não poderia deixar de reagir directamente àquela opinião, como já fiz, remetendo ao autor do escrito e ao jornal a resposta devida.

Em meu entender, a liberdade de opinião é um valor inestimável por nós conquistado e que deve ser preservado e  na sociedade portuguesa ninguém está isento de crítica.

O que me parece é que a crítica e a opinião devem ser formuladas de modo responsável e sustentadas. Se assim não for, corre-se o risco de ser injusto e gratuito na formulação, das afirmações, o que não é bom para ninguém.

Com tudo isto, entendo, também, dever partilhar convosco o conteúdo dessa resposta:

“É comum ouvir-se algumas vozes que se queixam da falta de valores e da falta de gente de causas em Portugal.

Ora, os Bombeiros Voluntários encontram-se entre os que, precisamente, demonstram o contrário com uma postura e resultados bem concretos.

Aliás, até a suposta crise que se aponta ao voluntariado é falaciosa. De facto, não tem a ver com a vontade de aderir ao voluntariado, nomeadamente nos bombeiros, mas exclusivamente aos factores externos que possam condicionar ou inibir a concretização dessa vontade.

Nesta altura do ano, e na sequência do esforço hercúleo de muitos bombeiros, na sua maioria esmagadora voluntários, para vencer as chamas que irrompem por todo o lado, surgem por vezes opiniões que, assentes em pressupostos falsos, senão mesmo preconceitos, entende não ser esse o melhor modelo para resolver a situação.

Trata-se de uma forma confusa, e até mal informada, de abordar a situação. Como se em termos técnicos e operacionais se pudessem vislumbrar quaisquer diferenças entre bombeiros voluntários, profissionais ou assalariados.

Se o problema está em saber se uns e outros são competentes e capazes para a missão então cabe-me dizer-lhe que sim. Aliás nem preciso de o dizer, são os factos do dia-a-dia que o demonstram à exaustão.

Essa abordagem simplista e dicotómica de tentar estabelecer paralelo e diferenças entre os dois grupos de bombeiros, a meu ver, é uma causa perdida, artificial, só alimentada por outras lógicas que não, desde logo, as dos cidadãos que deles precisam amiudadas vezes.

A sua questão, independentemente dos muitos imponderáveis e das muitas inações apontadas e conhecidas, das condições atmosféricas e meteorológicas, das condições e das características dos locais, pelos vistos, centra-se, apenas, no recurso aos voluntários, dado apontar que “não é imaginável que Portugal tenha de recorrer ao voluntariado para zelar por uns dos seus principais ativos”.

Lembro-lhe que ao longo dos 365 dias do ano era suposto que muitos profissionais adstritos a entidades nacionais e locais, funcionários de organismos estatais e oficiais, incluindo forças da ordem, tratassem de cuidar e prevenir, actuar e fazer cumprir a lei relativamente à floresta. Porém, face às insuficiências, ineficiências e ineficácias que lhes são apontadas, cabe aos bombeiros, repito, na sua maioria esmagadora voluntários, colmatá-las durante os meros 90 dias que dura o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais (DECIF).

Falo-lhe do voluntariado nos bombeiros como poderia falar de outras formas de voluntariado que, nos hospitais, nas IPSS, no Banco Alimentar, no apoio a idosos crianças ou cidadãos deficientes, seja da cidade do Porto, como em tantas outras cidades, regiões e locais desta País actuam solidariamente de forma responsável e comprometida.

Termino saudando-o como responsável máximo por uma estrutura profissional municipal de bombeiros altamente qualificada, bem comandada e motivada. Por que não, enquanto responsável directo por ela, e com base na sua própria capacidade, poder desde já espelhar a convicção dos seus argumentos na defesa da floresta “

LBP

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