Duas empresas, suspeitas em Espanha de estarem envolvidas num esquema internacional para manipular os preços dos contratos de fornecimento de meios aéreos para combate a incêndios florestais, receberam do Estado português pelo menos 5,9 milhões de euros.
Os concursos foram lançados pela entretanto extinta EMA – Empresa de Meios Aéreos SA, entre 2009 e 2012. Segundo o portal das contratações públicas, a Aviación Agrícola de Levante SA assinou, em maio de 2010, um contrato cujo valor superou 1,9 milhões de euros. E a Avialsa T.35 SLU ganhou duas adjudicações: uma celebrada a 27 de junho de 2011, com um total superior a 1,1 milhões de euros, e outra a 18 de maio de 2012, que ultrapassou 2,7 milhões de euros.
Nestes últimos concursos, a única concorrente da Avialsa foi outra empresa com o mesmo nome mas com a designação T-35 SL e outro número de contribuinte. Segundo o jornal ‘El Mundo’, a Avialsa, juntamente com outras sociedades com a mesma atividade, teriam um esquema montado para concertar os preços a apresentar nos concursos em Espanha e Portugal. Esta "batota" envolveria, segundo o jornal espanhol, o pagamento de subornos a responsáveis políticos, pelo menos em Espanha.
No âmbito de uma investigação judicial, foram detidos o dono da Avialsa, Vicente Huerta, e Serafín Castellano, ex-secretário-geral do PP espanhol e representante do governo de Madrid em Valência. Sobre Portugal, as investigações revelam a existência de mails onde são referidos os concursos da EMA.
Num desses documentos, Vicente Huerta dirige-se a outros empresários para contactarem alguém com o nome Ribeiro para entrar no negócio "com um avião seu e mais um australiano como reserva".
Fonte: CM